Tuesday, December 29, 2009

Coisas de Putos

Lembro-me de quando era pequeno, ter sido internado de urgência no hospital... Estava doente, muito doente nessa altura... Recordo-me que apesar de nessa altura já ter nas veias um espírito independente. Mas estar tantos dias longe da minha família, e em especial da minha mãe, da minha família, dos meus amigos, fazia-me ficar muito triste e ainda mais doente... Estar fechado dentro de um hospital nos arredores de Lisboa, dava cabo de mim.. Lembro-me então de uma menina que conheci lá... Ela estava num quarto perto do meu, e a pouco e pouco fomo-nos conhecendo. Chamava-se Sílvia. Não nego que a pouco e pouco, à medida que me nos íamos aproximando cada vez mais, comecei a sentir alguma coisa por ela. Contudo havia sempre algo que me perturbava e que me causava uma enorme confusão. Apesar de passarmos tanto tempo juntos, não me conseguia esquecer da minha grande paixão da altura, que tinha deixado lá na escola. Chamava-se Mónica. Nessa altura andava eu no ciclo preparatório, aí no quinto ou sexto ano. Era no sexto. Já tinha passado claramente naquelas semanas mais tempo com Sílvia do que com Mónica, que já conhecia há mais de um ano. Contudo, e apesar das circunstâncias até o terem tornado possível, nunca consegui ultrapassar uma certa fronteira com Sílvia. Lembro-me de uma noite que ficámos acordados a falar até ás tantas... Nessa noite, ela aproximou-se de tal maneira, que me lembro chegar a apetecer beija-la. Bastava fechar os olhos, e deixar acontecer. Mas não. Havia algo na minha cabeça que não deixava isso acontecer, por muita empatia que tivesse com ela. Era Mónica. Era o meu amor platónico por Mónica, aquele amor idealista de paixão à primeira vista, que nos deixa a sonhar com histórias perfeitas... E mesmo longe, mesmo, sabendo que nunca chegaria a ter com Mónica a proximidade que tinha ali naquele momento com Sílvia, que apesar de tudo também já tinha conquistado um cantinho no meu coração, nunca me imaginei a fazer nada com ela, que pudesse por em causa aquela perfeição idealista que eu sonhava ter com Mónica um dia... Depois de ter alta, não quis ficar com uma foto que me ofereceu nem com a sua morada. Apesar dela ser também uma pessoa muito especial, não queria que ela pensasse que entre nós iria haver mais qualquer coisa do que aquela amizade e cumplicidade do momento.. Gostei dela, sim não o nego. Mas era tão diferente da paixão que sentia por Mónica... Era um sentimento construído com o tempo, enquanto que o que sentia por Mónica era algo arrebatador a gigantesco, que sentia desde o primeiro dia em que os meus olhos a tinham encontrado... DE resto não foram muitas as pessoas por quem senti isso até hoje.. Não me lembro de me ter sentido assim quando vi Sílvia da primeira vez, nem da segunda, nem da terceira... Era algo diferente e surgira com o tempo.. Já o que sentia por Mónica permanece inalterado mesmo até hoje quando a recordo, ao fim destes anos todo. Apesar de ter sonhado então com uma relação perfeita, nunca pensei que realmente chegasse a acontecer... Os nossos caminhos separaram-se naturalmente, e nunca mais ouvi falar dela. Já não a vejo desde essa altura. Nem sequer sei se foi recíproco... Mas agora também já não faz nenhum sentido. Só desejo que onde esteja, seja feliz, e que sinta hoje por alguém aquilo que eu um dia senti por ela... Eu por minha vez não me arrependo de nada. Certo é que fiquei sozinho, mas creio ter feito a escolha acertada na altura, e apesar da tentação, permanecer fiel aquilo em que acreditava... Coisas de putos... que depois destes anos todos ainda parecem mais ridículas...

Orlando

Vá, acabou-se a romaria. Já se estragou a bateria, por isso ponham-se todos a andar. Vou ali ter com a Maria, que me disse aqui ao ouvido que é melhor acabar com esta porcaria... Ah, a propósito, aquilo que eu disse... é tudo mentira... Na verdade chamo-me Arlindo Santos e espeto umas petas a meninas distraídas de vez em quando... Se alguma vez acontecesse comigo, já sei como seria... Fingiria que não via... e depois da histeria, nem que te tivesse que dar a volta ao quarteirão... já me dei por culpado, absolvido e regenerado. Já nem me lembro. Já nem falo. Nem pintado.., senão qualquer dia ainda dizem que sou desequilibrado.., e que já não batia há um bom bocado...

Hás de vir a saber

Amo-te...
Por muito que te custe ouvi-lo, acreditá-lo ou sequer aceitá-lo... Não me interessa que não te interesse, não quero saber se me odeias muito ou não, ou sequer se te sou perfeitamente indiferente... Pelo menos para mim será um alívio dizê-lo. Amo-te, e a minha maior satisfação já não é sequer saber se também me amas ou não, ou se algum dia me chegase a amar sequer... É sim, apenas e só saber que o sabes... que eu to disse um dia. Podes até nem saber o meu nome, nem relembrar a minha face, ou ter sequer presente o tom da minha voz... Pode ser até a única notícia que saibas de mim, pode até ser que nunca mais me vejas ou te lembres que existo...
Não quero saber (sim, chama-me egoísta à vontade) se isto vai causar abalos aí no teu pequenino mundo (elitista e muralhado), onde tens tudo organizadinho e seccionado em gavetas bem arrumadinhas... Onde tens todos os nomes medidos, classificados e agrupadinhos por ordem... Não me interessa se não caibo, não me interessa que não haja tempo nem espaço... Estou-me a foder... A minha vontade era que entrasse por aí adentro como um furacão Ivan... Podias até trancar todas as portas e janelas, tomar todas as precauções de segurança... e não sofrer nada com isso. Podia até nem te afectar minimamente, e nem dares por ele... Mas pelo menos sabes que ele passou por aí e isso não podes negar. Amo-te. Posso ser um merdas, um egoísta como me chamas, e um filho da puta que não vale nada e não tem onde cair morto... um drogado vadio de merda, orgulhoso, sujo roto e mal encarado... sem tostão nem razão nem consideração de ninguém... Que te traíu, se redimiu, e se saíu... Será que te traí? Será mesmo que alguma vez te menti? Será mesmo que alguma vez fui cruel para ti, de forma premeditada? Será que tive a culpa de me deixar levar em esquemas bem engendrados, executados, sistematizados... Alguma vez procurei alguém??? Será que te cheguei mesmo a traír? Magoar talvez, mas nunca te traí nem te menti, nem te pedi, nem engendrei, nem te pedi coisa nenhuma.. Apenas te perdi... Fosse por ti, fosse por mim, fosse por me ter deixado levar... pelo ar, que soprava mesmo direito à cara... Mesmo assim, alguma vez me esqueci de ti? Alguma vez te troquei, te resisti... nunca pus à frente de ti... Cheguei lá sempre para o lado. Nunca dei um passo em falso. Nunca. Nunca fiz nada que me comprometesse, que não me deixasse voltar atrás. Nunca pisei a linha. Nunca. Mesmo quando desapareceste meses e meses, e me deixaste lá sozinho, para arranjar dinheiro para comprares um carro, um avião ou não sei o qê... Esperei... Meses e meses. Podes-me acusar de ser orgulhoso, calculista, racional, temperamental, infantil, por vezes mesmo escabroso e amistoso em demasia, é certo. Posso-te ter feito sofrer, por vezes, posso até ter-me deixado levar nas brincadeiras, ciumeiras na altura que mais te estavas a cagar. Mas lá tinhas sempre a merda do cursozinhos, dos cargos e dos arranjinhos e das reuniões e do caralho do protocolo para te ocupar... E do trabalho. Foda-se lá mais ao teu trabalho.. Nunca te preocupaste um cú... Mesmo quando me tentava aproximar... Davas-me para trás e chamavas-me bruto.. Posso-te dar boleia? NÃO!!! Vai de retro satanás!!! Se não fosse por intermédio, nunca tinha sequer provado aquele leite quente que me preparaste lá naquela manhã. Naquela manhã em que mesmo quando andava mais confuso e tapadinho, e encostado ao cantinho, fui capaz de esquecer que eras a única pessoa realmente consciente, a única que me fascinava realmente a mente... Mas não... Livros e tachos, e ver uns borrachos e comer uns pistachos com o menino bonito aos almoços e lanches e pistachos e tachos e saídas e cinemas e copos e viajens, e festas e o caralho.. Fodasse comam-se de uma vez por todas, vão à merda e à lua, e à casa tua a ver se eu me importo. Estou-me a cagar!!! Preocupava-me demais. Sei bem que tens os teus planos calculadinhos ao pormenor do segundo para os próximos 100 anos... E deixa lá que também nunca pensei outra coisa, nem nunca esperei revoluções de uma tecnocrata... Ah e chamaste-me interesseiro, lembras-te? Interesseiro mas é o caralho... Só fiz aquela merda para me meter tipo cordeiro, naquele rebanho de merda. Nunca trabalhei um caralho, nunca fiz um cú... Mas sempre em cima do joelho, se aparecesse um ortelho era capaz de o curar.. sempre com boa disposição a rir e a saltar... eras tu naquela altura, em que eu deixei de acreditar.., que tinhas de me salvar... em vez de me colar um emblema na testa pateta contente que vamos aqui tendo entre a gente... Não era com folhas, nem com serviços nem com rabiscos nem com sorrisos... Era com palavras, com beijos, com paleios brejeiros de quem sente saudade, não vás embora que és a minha vontade... Se calhar nunca fui, nunca sequer fui hipótese, e tudo não chegou a passar de um mal percebido, que eu por ser um vendido, e um bandido, e pirata informático com um midle-name fudido, provoquei. Caguei. Agora pelo menos hás-de saber que te amei. Mesmo que não te convenha. Como te vou dizer é que ainda não sei...

Silence

The Punishment

I hope god is happy now. I know i didn't desearved much more, but at least i've been true to myself, when i said that i realy regreted my actions, in the last few years. If i really had been faithfull to to the principls that i true believed back then, i wouldnt have messed things around. But i didn't need a priest to say that to me, because i have heard it a lot in the last few months. If it wasn't for my bad attitude, mabe my life would be so much better now. But i already knew all that. Didn't need no one to telling me that, just for the sadic pleasure of waching me suffer. I never believed in god, nor even i am a catholic person. So, yeasterday i was passing by trough a church , when a priest came near me. First he said hello, and was very gentle. I told him right away that i didn't believed in god or in curch. In one thing i agreed with him, after a samll discussion. One must always be faithfull to him self, trying always to reach a little closer to perfection. After a while, i told him i had done many things that i regreted, and that i've already paid for... Even though, he tryed to convince me to speak about that in a more specific way, and i agreed with him, even though i was already late. I was in a rush, because I had my my drivers licence test Thursday, and i needed to practise some more exercises. Even though i told him a few things, and i felt better. Not in the tradicional confessional type, but in a friendly chat. I told him i felt terribly bad for something i had done in my past, even though, i believed that i already had been punished for that. He agree with me, and said that i had offended god in so malefic ways, that i should ask for a real redemption, in a traditional confession. He also said that if i didn't confessed myself, i would never be forgiven by the Holly spirit, and would be miserable forever... He also told me that he had an idea to help me solve my problems. So i went there the next day, as we had arranged.
After entering the church, the priest yelled at me to get out imediatly, in a very rude way. I did't understood at first, but then i thought that was because i was speaking too loud, and in a informal way. In fact there was other persons in the church, that is true. But i haven't been inside one for so long, that i completly forgot that. Enven though i tried to explained him, that we had arranged a small talk for that day. After all he remembered who i was. But no. He just stood staring at me, telling me to get out. "And what about that little conversation, that we were suposed to have?", i asked him. "There is nothing to talk about. I've been with good, and he told me that your sins are to serious to be forgiven, and you don't deserv an absolution. So, you will carry that cross till the end of your days, because you are a very bad person. You will be miserable. Get out!". At first i didnt took that to serious, even though i really wanted to know his opinion about that problem, and to listen to his advice, or even solution has he said he'd got. And by that time, I hardly knew that his attitude of indifference could cause me so much pain and suffering. So, I came home thinking about that, and I had that toughts in my mind trough the hole night. I couldn't eat, coud't study, and coudn't close my eyes at all. That problem that i wanted to talk about, became even more terrifying to me... And news is that i've failed the license test. I still don't believe in god, and in priests, but i start to believe that there is a punishment waiting for us, right around the corner...

Então

Eu estava a brincar...

Não era para levares à letra...

Fogo, isso é receio, confusão, ou estás-te simplesmente nas tintas?

Hum, acho que há aí outros personagens pelo meio...

Mas fala, rapariga...



Então?

Speak To Me

The Whores Hustle And The Hustlers Whore Lyrics
Artist(Band):P.J. Harvey


Speak to me of
Universal laws
The whores hustle and the hustlers whore
All around me
People bleed
Speak to me
Your song of greed

Speak to me
Of you inner charm
Of how you'll keep me
Safe from harm
I don't think so
I don't see
Speak to me
Of your inner peace

Little people
At the amusement park
City people
In the dark
Speak to us
Send us a sign
Just give us something
To keep us trying

The whores hustle and the hustlers whore
Too many people out of love
The whores hustle and the hustlers whore
The city's ripped right to the core

Speak to me
Of heroin and speed
Genocide and suicide
Of syphilis and greed
Speak to me
The language of love
The language of violence
The language of the heart

This isn't the first time
I've asked for money or love
Heaven and earth
Don't ever mean enough
Speak to me
Of heroin and speed
Just give me something
I can believe

The whores hustle and the hustlers whore
Too many people out of love
The whores hustle and the hustlers whore
The city's ripped right to the core

That´s It

That´s it..!
I have reach my conclusions,
while i was finishing my tasks.
I was over reacting a little bit,
So let me put this straight now:

Truth is that
I'm just happy to have found you,
cause i really needed to reach you
and i haven't got the slightest clue
how to do it...

And even though
this has happened in this very peculiar way
it gave me the possibility
to explained you a lot of things
that i had stucked deep down in my memory
for a quite long time, now...

And so, for me it was a very positive thing to happen,
even if it it dies like this.
(if it had reborned at all)
And at least we had a chance to comunicate
after so much time without seeing each other.

So, i'm not asking you
to turn absolutely nothing in your life.
Just because I one night
decided to show up in your computer.
All i ask is that you clear up some things for me
trough this strange intercomunicator
buy just if you feel like to.
And then, i dont know...

One thing you can know for sure...
I realy missed you,
since i left that day
and lost all the chances
to keep seeing you...

If we could meet one day,
and go out for a conversation,
that would be certanly very nice...
But just that...
And dont worry.
If your wish
is to stop with the insanity,
Lets forget this night
And everything will be as ever since

Apanhados

Isto não é para os apanhados, pois não..?
Será que alguém estará farto de se rir com este episódio..?
Ahhh não... Estou a enlouquecer de vez...
Na netr não há câmaras...
E não deve haver ninguém assim tão demente...
Eu é que sou doente...
Preciso de ir dormir...
Espera..
Será que vou conseguir dormir assim?
Claro...
I just need to STOP THINKING SO MUCH!!!

Apanhado sou eu...

Já Pensaste um Dia Se...

E se tudo isto fosse um grande mal entendido..?

Hei

Can I sleep like this?
I thing this time is for real...
I mean...
I'm a little scared, i must confess...
Only from the first time together..
Can you get the picture??
- Hei...
- Hei...
- So..?
- So...

I just had an idea!!!
I'll tell you later...

Why am i thinking so much???
Even though, it would be nice for us to have a little conversation...

Coincidências

E logo eu que sou bastante céptico e que não acredito em milagres… Começo seriamente a acreditar em coincidências. E isto é quase surreal! Vinha a este enorme oceano, quase diariamente numa santa fé à tua procura, já vai fazer quase um ano. E.., para ser sincero, nunca acreditei que fosse possível Começava por ir buscar aquela data de ruptura, que nos separou definitivamente. Mas não encontrava pistas nenhumas, e pensei de resto que te tivesse sido indiferente. Também nem sabia se escreverias. Mas isso tinha quase como certo.., por intuição. Cheguei muitas vezes a achar que estava a ficar maluquinho... Foi por aí, que me começou a bater com mais força… Vi-me apertado, e deixei de fumar. Foi pior. A partir daí caiu-me o mundo em cima, e principalmente o passado... Corroía-me o pensamento, com remorsos e pensamentos… Comecei a flipar da cabeça. Fiquei obcecado com o projecto da nova loja, que de resto ia de mal a pior, e tentei salvá-lo, abstraindo-me de tudo. Mas dava por mim a pensar em tudo menos nisso. O que me custava era deixar morrer um sentimento, sem nunca chegar a saber nada do outro lado… Depois pensei melhor, e lá fui tentar uma reaproximação. Mas baldei-me de tal maneira, que saiu furado dos dois lados… E pelo meio, enquanto lá estive, também me pareceu que não ia ser nada fácil, o objectivo principal. Pensei que tudo estivesse já mais calmo, mas não estava. Contas feitas, lá engoli o sapo , e consegui salvar o principal, mas que ainda não está salvo de todo… Muito pelo contrário. O que me lembra, tenho de fazer qualquer coisa, senão arruíno a minha vida mesmo de vez… Mas agora já tudo parece diferente...

Apontava mentalmente aqueles raros diazitos em que te via, por lá ou por aí na rua, e depois ia por aí, à procura de uma referência escrita. Era tipo procurar agulha em palheiro… Lá tinha uma listagem de possíveis casas, e nessa lista surgia essa aí. Embora no princípio, pensei que fosse de outra, e que por aí chegaria até ti. A maior parte das vezes caía na realidade. Impossível. Marias, há muitas. E o mundo é gigantesco. Achava isto tudo uma demência. Não contava a ninguém, que punha sequer tal hipótese. Mesmo assim, havia traços desde o principio, que me levavam a pôr a tua hipótese. Ah, e temos de falar disso um dia. Mas mesmo assim, nunca acreditei que a agulha aparecesse, de facto… Fosse como fosse, depois aqueles dois últimos reencontros tinha metido na cabeça que teria que falar contigo, um dia... Especialmente aquela noite em que passaste por mim, na esquina do Rossio… Nesse dia nem conseguia olhar para ti… Paranóias. Vergonha, principalmente. Achava que me tinha exposto aqui de tal forma, que alguém por lá já me tivesse topado há séculos, e que tu também soubesses… Para ser franco, ainda penso assim. Será isto uma brincadeira? Por causa desses filmes, nem te conseguia olhar, quanto mais ir falar contigo. E depois ainda havia aquele outro, o amigo inseparável. Já na altura, morria de ciúmes... Pensei que nunca iria conseguir encontrar-te sozinha. Pensei também que… Nada esquece. Isso não é da minha conta sequer. O importante é que depois daquele dia na esquina, embora não parecesse, fiquei fulminado com aquele olhar… Tocou-me mesmo lá no fundo. Reincendiou-me naquele momento, e fez ruir aquele mundozinho de suposições em que me tinha escondido. E eu que pensava que até andava a melhorar, e que já me tinha resignado… Naqueles pseudo-diálogos, a razão da doença eras tu... Epá, não consegui tirar aquele olhar da cabeça.. As férias todas, com aquela imagem, sempre na cabeça.. Lembrava-me aquela dos primeiros dias em que te vi. O do primeiro dia em que te olhei mesmo nos olhos… Antes das nossas primeiras palestras... Já passaram anos... Posso parecer ridículo, mas ainda me lembro como se fosse hoje. Tinhas o cabelo comprido, nessa altura. E ia jurar que tinas uma camisola cinzenta, ou coisa assim. Pareço ridículo, mas lembro-me de ter pensado então, porque razão estava uma gaja linda a olhar para um tipo como eu… Pareço não… Sou ridículo. E pior, não tinhas mesmo razões para olhar... Parecia-me amor á primeira vista, se é que tal coisa existiria. Pelo menos, da minha parte. O da esquina também me apareceu assim... Mas ainda mais nítido. Reavivou-me todas essas memórias, aquele momento em que olhaste… E, apesar da dose de serotonina que me injectaste no cérebro, lembro-me de ter ficado novamente a pensar.. “porque razão ainda olha aquela gaja para mim?”… Será que...

Não sei porquê, mesmo depois daquelas que iam e vinham, reaparecias sempre tu na memória... Aparecias-me assim vinda do nada, em sonhos… Sei lá porquê… Muitos deles descrevia-los aqui. Depois um dia.., por pensar que já era mais do que óbvio que me tinham topado, depois de me cruzar com um bando deles, fiz um delete e apaguei esta merda toda. Fiquei triste porque podia ao menos ter feito uma cópia para mim. Gostava que os tivesses lido. Também de resto, pensava que não iria valer de nada… Se calhar já me tinhas topado, há séculos… E eu que até sou tão discreto.. Or not… Ah, voltando a um ponto crítico. Uma das razões que me levou a desaparecer, foi pensar que já estavas perdida. Para aquele outro. Mesmo assim, não sei se não estarás. Não sei por quem, nem sequer me dirá respeito. E se estiveres, espero que continues… Espero que faças o que achares por bem... Eu também não sou exemplo para ninguém. Apesar de que cheguei a um ponto, em que me fartei de tudo… E de todos. E depois isolava-me, queria ficar sozinho, longe de tudo, e desistir... Mas aparecias-me tu. Sabe-se lá como... Tudo o resto evaporava-se em pouco tempo, e no final ficavas apenas tu. Não por desespero, como dizes, ou por não ter mais ninguém. Simplesmente porque sempre lá estiveste, e nas camadas mais fundas, mais sedimentadas. E o meu subconsciente elegia-te, vá-se lá saber porquê… E tu sabes. Já o resto do corpo, por vezes transformava-me num anormal, sujeito aos desvios do vento. Mas acho que nunca te consegui esquecer, e acho que sempre o soubeste… Mas nunca acreditei de facto em algo mais, apesar de o ter desejado tanto... Por falta de auto-estima, por não me conseguir imaginar a romper aquela rotina. Acho que precisava mesmo de tirar umas férias... O que parecia mais fácil, parece sempre mais provável. Oh gaja, só eu sei… Eu e os poucos que me aturavam, quando estava perdido de bêbado… "Ouve lá, quem é a fulana X?" Isto é mesmo surreal… Tudo.. Esta história toda... Depois tenho de apagar isto, está demasiado evidente. Apetecível mesmo, para tablóides sensacionalistas… Olha. Mas não te preocupes com nada... Não penses muito.... Não vamos fazer nada... De resto, nem sei o que faria.. Quer dizer... Mais ou menos... Sinto-me bem... Estou feliz. Nem sabes o peso que me sai da consciência… Isto seria um pesadelo que carregaria por muito tempo comigo, sem poder partilha-lo com ninguém que me compreendesse... Para teres uma ideia.., acredites ou não, passei todas as noites à procura de ti, pelos sítios onde te encontrei das últimas vezes. Contava os dias, tentando adivinhar quando voltarias... Isto é, se alguma vez voltares cá... E de resto lixei-me fortemente, porque não consegui fazer mais nada…

E mesmo agora, quando releio aquilo, ainda fico com dúvidas que és mesmo tu, e que aquilo será dirigido a mim, e não a outra pessoa qualquer que julgues estar aqui. Por via das dúvidas, estão lá os meus dois do meio. E ainda bem, que aquela lotaria que fiz do teu, me saiu furada.. Foi mesmo sem querer... As coincidências são mesmo uma coisa engraçada... De outra forma, nunca o saberia... E aqui entre nós... Acho que já corri os perfis do país inteiro, á tua procura... Daquele dia que lá estive, não o consegui relembrar... Fiquei mesmo lixado por não o ter apontado. Não digas a ninguém. Epá, e aquilo que disseste era mesmo para mim? Bolas, ainda me custa a acreditar... Fogo, será que sou mesmo otário, e o cúmulo da desauto-estima, ou tu eras, e és, uma excelente actriz? Não terás tu feito uma confusão com nomes? O mundo é assim de facto tão pequeno? Se é mesmo, ainda o sentes? Ou será tarde demais? Que cena marada.. E agora?

The Day After

Naaaa....
That was before....

"Noooo more Sanity!!!"
I love you for that spirit...
Without you,
this would always be just meaningless words....

My world is now comletely up side down,
but in a very beautiful way...

Damn, do i like to be a complete foul..?
Yeeees, I looove it..!

Oh sheat... What about now on?
Dont worry girl... We'll think of something...

Let's keep it secret, in the mean while.
Ohhhh no!!! But how can i have work
and concentrate, in a day like this?

Hei!!! Relax...
This is just me...
Dont worry too much about this crazy idea...
You're still free to think that I'm an alien
whith supernatural powers.
That this was just a dream...

I'm serious...
This must weard for you, i guess...
Even for me...

Of course it is...
I've seen some strange things happening,
but this one is realy... Unusual??

No, i am not scared...
Well, only in the first time we see each...
Ohhh dam it...
This is really getting into me...

Are you prepared for this?

I think this time i'll go crazy for sure...
The question is... Alone, or..?
Ohhhh, come on, relax..
The problem is, i think too much..!

We are both nutcases...
No one in the world
would ever believe this story...

Your crazyer than me...

You're very special.

I really like you, girl...

(Eh, eh...)

Um segundo

És linda... És interessante... Gosto de ti.. Se me dissesses para ir, não hesitaria um segundo. Sei que seria feliz. Nos segundos que durasse... E tu? Serias? E eu? Seria? Sim. Porquê? Porque não? Porquê se pensa tanto o amanhã? Se não seríamos, poderíamos deixar o ser? Claro. Quando quiséssemos No mesmo segundo. Então porque estamos sozinhos tantos e tantas horas? Quando poderíamos começar e acabar tantas vidas num segundo?

Encontro via blog

Gostava tanto de te poder dizer aparece na esquina... agora... já...

Um beijo

- Ás vezes dou por mim a imaginar como seria beijá-la, veja lá bem...

- Hum... Acho que este método não está a resultar...

Nota do Autor: Repostagens 2004 (continuação)

Este blog foi criado para repostar alguns textos que consegui salvar do blog inicial, daqueles que tinha guardado em word, e que escaparam à fúria do delete blog. Como este trabalho de repostagem não ficou completo, e o disco onde estão armazenados está prestes a brekar, decidi hoje, nesta noite deprimente do final de 2009, repostar o que ainda há por aqui. Mais uma vez repito, e que fique bem claro, todos estes textos são anteriores a 2004.

Monday, September 10, 2007

Nota do Autor: Divulgação

Este blog foi hoje pela primeira vez divulgado a algumas pessoas mais próximas. Compreendendo o acto da escrita como um prazer, não faz sentido não partilhá-lo. Acresce ao facto que já passaram alguns anos e os sentimentos aqui expostos não passam de esqueletos em avançado estado de decomposição, escritos no situacionismo do momento, não podendo nem devendo nunca ser entendidas como pistas para a uma possível tentativa de compreensão de quaisquer aspectos associados à personalidade do autor. A mão que escreveu cada ensaio é apenas um alter-ego contextual, ou melhor, uma personalidade descartável que pereceu nestas mesmas palavras... Qualquer tentativa de associação com a realidade está inevitavelmente condenada ao fracasso. Ao acabar de escrever morri aqui...

Wednesday, February 15, 2006





Ninguém deve sentir vergonha de amar


Ninguém deve sentir vergonha de não amar

Friday, December 09, 2005

Haverá tempo?

Não sei porquê, mesmo depois daquelas que iam e vinham, aparecias-me assim vinda do nada, em sonhos… Sei lá porquê… Muitos deles descrevia-los aqui. Depois um dia, por pensar que já era mais do que óbvio que me tinham topado, depois de me cruzar com um bando deles, fiz um delete e apaguei esta merda toda. Fiquei triste porque podia ao menos ter feito uma cópia para mim. Também de resto, também pensei que não fosse servir de nada… Se calhar já me tinhas topado mesmo, há séculos… E eu que até sou tão discreto.. Or not… Ah, voltando a um ponto crítico. Uma das razões que me levou a desaparecer, foi pensar que já estavas perdida. Para aquele outro. Mesmo assim, não sei se não estarás. Não sei por quem, nem sequer interessa. E se estiveres, faz o que achares melhor… Também não sou exemplo para ninguém. Apesar de que cheguei a um ponto, em que me fartei de tudo… E de todos. E depois isolava-me, e aparecias-me tu. Sabe-se lá como. Tudo o resto foi, e no final ficaste apenas tu. Não por desespero, como dizes, ou por não ter mais ninguém. Simplesmente porque sempre lá estiveste, e nas camadas mais fundas, mais sedimentadas. O meu subconsciente elegia-te, vá-se lá saber porquê… E tu sabes. Já o resto, por vezes transformava-me num parolo, sujeito aos desvios conforme soprava o vento. Shame on me… Mas acho que me descaí sempre, e tu sabias… Mas nunca acreditei de facto em algo mais, apesar de o desejar, por falta de auto-estima… O que parece mais fácil, parece sempre mais provável. Oh gaja, só eu sei… Eu e os poucos que me aturavam, quando estava perdido de bêbado… E depôs vinham-me pergunta: Ouve lá, quem é a fulana X? Espera aí, mas que se está aqui a passar? Isto é mesmo surreal… Vou dormir. Depois tenho de apagar isto, está demasiado evidente. Apetecível mesmo, para tablóides sensacionalistas… Olha. Mas não te preocupes com nada. Não penses em nada. Não te peço nada. Estou feliz. Nem sabes o peso que me sai da consciência… Isto seria um pesadelo que carregaria por muito tempo… Para veres.., acredites ou não, passei as noites todas à procura de ti, pelos sítios onde te vi das últimas vezes. E de resto lixei-me fortemente, porque não consegui fazer mais nada… Pode ser que ainda me salve. E de resto? Achas que ainda há tempo para salvar alguma coisa?

Arrrrrrrrghhhhh

Fodasse, fodasse, caralho foda-se..!
Sou mesmo uma grande MERDA!!!
"Estou FARTO de mim!!!"
Queria estalar os dedos e desaparecer...
Para sempre...
Arrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrggggggggggggghhhhh!!!

I am sorry about.. me

I know I'm a lauzy piece of cheat.
And I know I come in a bad time.
But i'm not asking you much.
It's predictable that your mind (mabe even body)
is now out on a long date...
But at least give me a clue,
i need to know about your back then mental state.
After that i promise i'll get away
and leave the town,
regreting for my mistake...
And i know i don't worth the risk,
so lets keep it secret,
and don't tell your mate...
One thing i used to do well,
was to fake...
So truste me, and speak.
I'll handle the truth
and you'll still be safe...

Rain

Speak to me...
Dont you see?
I'm in pain.
Cause i'm responsable for the rain...

Carta Última

A descoberta foi um mero acaso. À medida que ia passando o tempo, tudo parecia cada vez mais estranho, como a luzinha da semelhança tocasse cá dentro... Agora pareco já não ter dúvidas... Sim, das letras, falo desse teu sítio, onde gostas tanto de estar. Foi ridículo, o meio de confirmação. Se a princípio, quando comecei a repetir aquele trocadilho, me senti o maior otário á face da terra, a verdade é que depois se revelou útil.. Ganha agora novos contornos, pelo menos para mim. Ao contrário do que possas pensar, o anonimato para mim sempre foi um bem supremo. Amigos sempre procurei poucos, mas tentei sempre escolhar os bons... Bem, depois disto, pouco mais haverá a dizer. È certo, que o certo coeficiente de dúvida que tomava como certo, há muito de deveria já ter assumido traços de clareza para uma pessoa na área da investigação. O meu receio agora, vai mesmo as elevadas taxas de adesão que a imprensa social cor-de-rosa parece ter neste país. Não te imagino nesse sector, verdade seja dita. Ah, é verdade, espero abandona-lo assim que possa. Nunca fui de criar muitas raízes, e parece que o começar de novo nunca foi grande problema para mim. Quer dizer... Quando se viaja com pouca bagagem, tudo parece mais fácil. Como vês também nunca tive muita roupa, e a que tenho também não será de difícil substituição. Mas isto são apenas e só, devaneios... Só eu saberei também o embaraço que esta inocente brincadeira poderá causar... Reconheço contudo que nunca fui muito discreto. Descudei-me várias vezes, mas partindo sempre do princípio que pequenas ousadias não seriam de todo evidentes... O mundo é de facto mais pequeno do que aquilo que se julga, e se a minha profissão fosse agente secreto, o meu futuro profissional estaria agora em grande risco... Um destacamento para zona diferente, seria provavelmente o veredicto. Contudo, acho que no fundo é o que se passa actualmente. Eu contudo, ficarei cá por mais uns tempos. Não nego que gosto disto, mas acho que o depois do tempo regular, já estarei devidamente preparado para viajar. Pelo meio sempre vou tendo mais um tempo para pensar no destino. E não acho que a espera vá ser tempo perdido... Mas voltando ao assunto que motivou este devaneio, penso que foi basicamente isso, a culpa, o remorso. Um "mea culpa". Não por não ter lutado mais, e transformado as coisas á minha conveniência (porque na verdade era uma simples sensação de adolescente, que sabia desde sempre impossível na prática), mas sim uma profunda vergonha pela forma como o fiz. Invocando a ambição pessoal, que nunca foi a minha bandeira, nem a razão da minha presença. Quando dei por mim estava contaminado... Não sou perfeito, mas a hipocrisia social não tornava o ambiente muito agradável... E cheguei a esta conclusão duas vezes. Quando olho á minha volta, começo a pensar que há males que vêm por bem. Mas o real problema que me levou a sair, presumo que saibas qual foi. Mea culpa. O problema era eu... E queria pedir desculpa por aquelas minhas últimas palavras...

De resto, espero que tudo tenha corrido bem, como previ. Não previa era eu estar agora nesta situação embaraçosa. Não nego que o procurei por aqui muito tempo, e que usava isto como confissão. Vinha aqui despejar a minha roupa suja, nas altas horas da noite, quando a insónia atacava. E apesar de ter tido por vezes, imaginado um cenário como este, a verdade é que o tinha como altamente improvável... Como tal, as ideias que me surgem para resolvê-lo, são no mínimo, realizadas sob pressão. Clarificar ainda mais uns pontos? O que se passou comigo foi um sentimento inocente, irracional, espontâneo... Sempre pensei, muito sinceramente, que ficasse para sempre selado em mim... Isto era uma espécie de diário para nunca ser lido...
Não penses por isso, que era alguma forma de pressão, de confidência, ou sequer de declaração... Era uma testamento para ser lido, quando morresse. Além disso, são apenas notas adicionais irreleventes, para um caso que se fechou há tempo, e que para ti nunca devia ter sido sequer apresentado. Tinha sempre a consciência que era um disparate da minha parte. Sempre soube que tinhas o teu universo próprio, do qual nunca fui quem pudesse contactar de perto. Por isso, volto a repetir, era uma fantasia inocente, de uma pessoa demente. Sim, porque se bem que ainda sou, nos primeiros tempos trazia comigo a decadência em pessoa.., Por isso apesar de pensar impossível, dei por mim assim... Seja como for, e partindo do princípio que está praticamente tudo dito e resolvido, aqui deste lado, só me resta dizer que é meu desejo sincero que todos estes devaneios aqui proferidos, não provoquem um acréscimo de sentimentos negativos (ou mesmo sarcásticos) em relação á minha personagem... E se ainda for possível, que se transformasse num segredo, não um comunicado... Mal nenhum te faria um desmentido, para proteger um rídiculo moribundo. Já para não falar dos pesadelos que tenho ao imaginar-me a cruzar com certas e determinadas pessoas... Nem quero pensar como irei reagir, mas provavelmente não reagirei de forma nenhuma...

Ah, e já agora, pode parecer estúpido, mas coincidência ou não, estava a pensar acabar de vez com estes devaneios e mudar de casa... Não o vou fazer por isto, como é óbvio, claro está... Se queres que te diga, neste momento não sei o que hei-de fazer com isto, de todo... Não vou fazer nada. Ah, e aquela cena do noooo San Petersburg, foi mesmo uma negligência da minha parte.. Quem me manda a mim andar sempre tão fora? Acho que precisava de encontrar uma forma de chegar a ti... É que depois só faço merda. Tentar adivinhar possíveis moradas, para investigar perfis, se não for acompanhado de uma devida reposição da situação anterior, pode resultar numa..: Barraca monumental!!! A isto se chama dar bandeira! Que mau... Enviei aquilo na minha inocência para todas as moradas. Aquele possível endereço, não estaria prevista na ementa. Não me preocupei muito depois, porque esperava que tal morada nem sequer coincidisse... De resto, lembro-me que quando me apercebi do incidente, apaguei de imediato... Mas pronto. Eu sei que é triste, mas que posso dizer..? Por outro lado, a reboque de uma grande carga, e com requintes de comédia, lá consegui, à custa de alguns incidentes e (in)felizes coincidências pelo meio, chegar ao teu contacto. E quase com mestria de investigador, sem fontes rigorosamente nenhumas. Agora já sabes que te menti, e que não foste tu a principal razão para justificar todos os meus comportamentos infantis. Nunca deveria ter deixado de conviver, de te falar, e muito menos de te ter dito aquelas coisas horríveis... Desculpa. Ah, e quanto ao resto, que fui dizendo... Sim é verdade. Sonhei algumas vezes contigo, mesmo depois de tanto tempo sem te ver. Mas creio que Freud explica isso algures na sua teoria. Diria de forma grosseira, que enquanto não te fizesse chegar estas palavras, o meu subconsciente não faria as pazes comigo... Com o tempo desaparecerá. Reconheço os meus erros. E não posso deixar de referir, sob pena de ser hipócrita, que nunca deixei de nutrir um carinho especial pela tua pessoa. Mas creio que isso, sempre soubeste. Creio que isso é normal. E soube separar as águas. Quando perdi o controlo, desapareci. Pelo menos até vir despejá-las aqui neste grande oceano. Sempre te vi noutro cenário, que não o meu, e é justamente lá, assim, que te imagino agora. Só desejo, é muito sinceramente que sejas feliz... E que esqueças rapidamente estas pequenas infantilidades minhas.., todas elas... E não precisas dizer nada...

À Primeira Vista

Quero voltar a acreditar no amor à primeira vista.
Quero esquecer rapidamente,
que uma relação pode resumir-se a uma conquista...

Mentiras

Mentiria se dissesse acreditar em milagres
Mentiria se dissesse acreditar em finais felizes
Mentiria se dissesse acreditar no amor
Mentiria se dissesse acreditar que nunca é tarde


Mentiria se dissesse que me sinto bem neste momento
Mentiria se dissesse que não se passou nada
Mentiria se dissesse que consigo esquecer
Mentiria se dissesse que não ** ***...

O Início do Fim...

Era um dia como este... Quando naquela esquina, me confessava... Tentava chamar-lhe a atenção... Eu. Queria que ela acreditasse... Era a única pessoa a quem queria prová-lo. Aproximar-me. Não percebeu... Não lhe expliquei... Nunca lhe pude contar o resto do sonho que tinha tido naquele verão... Ela. E aquele reencontro marcaria o início do fim...

Henrique II (Quarta-feira, 8 de Setembro de 2004)

Faz anos que já não falo com Henrique. Era uma pessoa boa, reservada. Era também um céptico por natureza. Apesar de perspicaz, não era grande lutador. Henrique sabia que não podia esperar nada dos que o rodeavam. Sonhador conformado... Procurava os pequenos prazeres da vida, escapava aos grandes deveres... Era também impulsivo. Não conseguia enfrentar problemas. A sua estratégia, era simplesmente, esquecer, ignorar, contornar... Henrique era perito, por assim dizer, em formatar a sua vida... Conhecera muita gente má... Henrique não suportava amargos de boca. Sempre que algo ou alguém lhe provocava uma situação desagradável, Henrique não exitava em usar a sua borracha permanente, e apagar tudo da sua memória.

Certo dia, disse que precisava de falar comigo. Estava preocupado. Henrique não conseguira evitar os olhos de uma bela mulher, e apaixonara-se. A partir desse dia passou a frequentar o mesmo lugar sempre que podia, para poder voltar a vê-la. Contudo não se sentia muito bem naquele sítio. Toda aquela normalidade o aborrecia. Contudo, sentia uma necessidade cada vez maior de olhar aqueles olhos, aquele sorriso, aquela face rosada... O tempo foi passando e Henrique ia-se apaixonando cada vez mais. Quando chegava a casa, via Henrique rejubilar de alegria pela recordação de mais um olhar, de mais umas palavras. Outras vezes, dava por si triste... Dizia ele que eram os ciúmes. Certo dia tudo tinha mudado. Joana não mais frequentava aquele sítio, senão de passagem... Henrique, com pouca auto-estima e sempre preocupado em evitar toda e qualquer demonstração de afecto que extravasasse a amizade, ficara triste mas conformado... Iria apenas conviver e tentar encontrar bons momentos de amizade. Desistira de amar... Mas certo dia Joana regressou. Henrique, que durante anos não tinha amado mais ninguém, dá por si numa tremenda confusão. A sua negligência e ingenuidade, tinham-no deixado num beco sem saída. Henrique, que nem a si próprio se amava, já não sabia quem amava realmente, e se amava sequer tão pouco... Fugira á confrontação. Henrique inventara a conclusão que nada haveria para pensar, pois a confusão só existiria na sua cabeça... Segundo ele, bastaria deixar de pensar naquele problema, e ele desapareceria automaticamente. Henrique tinha apenas uma certeza. Ninguém nunca o amara realmente... Uma borracha e uma conta de subtrair, resolveria o problema...

Henrique alterou radicalmente sua vida, e não mais regressou aquele sítio. Não mais voltou a ver Joana, senão ao longe e ficou conformado com o destino daquela solução. Henrique estava agora de novo sozinho. Em sítios diferentes, e mesmo com vontade de se voltar a apaixonar, não conseguia contudo esquecer aqueles momentos... Joana estava permanentemente nos seus sonhos. Henrique não aguentava mais aquela situação. Tentou regressar para dissipar aquelas dúvidas enevoadas, mas o seu cepticismo já não conseguia passar despercebido... Os ferozes cães de guarda da produtividade e do modelo padrão, barravam-lhe o caminho, instintivamente... Henrique, agora mais céptico do que nunca, desiste definitivamente... Ficaria para sempre por resolver aquele enigma... Novos viriam...

Mas passados anos, já não é a paixão, nem a confusão, nem as dúvidas que atormentam Henrique... Não é simplesmente a culpa por ter abandonado Joana… Não é a conversa nunca aflorada, não é o beijo nunca dado, não é a relação nunca consumada… É a imagem dela, que insiste em aparecer ininterruptamente nos seus sonhos... Aquela face que lhe aparece como no primeiro dia em que a viu… Aquele arrepio na espinha que sentiu quando pensou “é esta”... Aquele olhar, que só ele sabe como lhe fere todas as certezas... Saberia ela? Rabiscos perdidos de uma paixão antiga… Platónica, perfeita impossível... Apenas remorsos subconscientes de uma oportunidade perdida.., por ele... Para sempre...

Henrique

Falei há dias com Henrique. Sonhador inconformista.. Entusiasta os pequenos prazeres da vida... Henrique contou-me uma história... Dizia que uma imagem o atormentava. A imagem de uma mulher. Henrique não conseguira evitar os olhos de uma bela mulher, e apaixonara-se. A partir desse dia passara a regar a sua vida, de forma a poder vê-la. Sentia uma necessidade cada vez maior de olhar aqueles olhos, aquele sorriso, aquela face... O tempo ia passando e Henrique ia-se apaixonando cada vez mais... Mas Henrique, era um homem com pouca auto-estima. Retirado há algum tempo de grandes afeições, estava sempre preocupado em evitar toda e qualquer demonstração de afecto que extravasasse a amizade.

Certo dia, sem se aperceber muito bem como, Henrique dá por si numa tremenda confusão... Henrique encontrava-se num beco... A certa altura queria apenas fugir dali... Pensou. Reflectiu... Nada haveria para decidir... Desaparecendo ele, desapareceria o problema... Uma borracha e uma conta de subtrair, resolveria a situação... Henrique não mais voltou a ver Joana... Mas contra tudo o que até aí lhe parecera tão lógico, Joana continuava permanentemente nos seus sonhos. Henrique já não aguentava mais aquele masoquismo inconsciente... Tentou regressar, e fazer as pazes com ele próprio... Mas o seu protesto não passara despercebido... O caminho barrado definitivamente... Henrique, mais céptico do que nunca, desiste definitivamente... Ficaria por resolver aquele enigma... Novos surgiriam entretanto...

Passado este tempo todo..., Henrique continua sem conseguir esquecer...Não foram as palavras que ficaram por dizer, não foi o beijo que nunca lhe deu... Não era simplesmente culpa... Uma estranha revolta da mente... A permanente imagem dela, que insiste em aparecer misteriosamente nos seus sonhos... Daquilo que poderia ter sido... Daquilo que nunca seria... Não apenas dúvidas, nem simples curiosidade... É saudade... Daquela voz... Daquela face... Daquele sorriso... É saudade... Daquele olhar... Que lhe abala todas as certezas....

Normal

Sinto-me estranho, muito estranho. Sinto uma mutação estranha ocorrendo dentro de mim. Não, não sinto dor. Uma apatia generalizada dentro de mim, que não me permite sentir nada. Rigorosamente nada... É como se todo o mundo tivesse mudado completamente e eu continuasse a ser o mesmo. É como se eu tivesse mudado radicalmente e o mundo permanecesse inalterável. Sinto-me calmo, muito calmo... Sinto dentro de mim uma serenidade interminável, como se todos os motores tivessem desligado subitamente e entrado em modo de repouso. Sinto-me como se tivesse entrado no nada, no vazio, no infinito... Sinto-me na plenitude racional de um nómada, de um velho da montanha, de um eremita... Não sinto mágoa, nem sinto alegria. Não sinto tristeza, nem sinto euforia. Não sinto empatia, nem sinto distãncia. É como se já não conseguisse amar nada nem ninguém, e como se também não conseguisse odiar nenhuma coisa em especial. É como se não sentisse nada, rigorosamente nada... É como se tivesse levado uma vacina, uma anestesia geral que me tivesse deixado relaxado da cabeça aos pés... Sereno, muito sereno... Sabe bem, sabe quase bem. Sabe bem voltar a entrar na realidade, na fria e objectiva realidade. No fundo estou apenas eu, volto a reencontrar-me comigo.., no estado normal.., no meu estado normal...

Café

Não consigo dormir. Estou calmo, não estou nervoso, não sei como estou... Acho que estou normal... Não consigo dormir. Sei do que foi, já sei do que foi. Não posso tomar, não quero mais tomar. Foi o café, o maldito café. A realidade. É o café que não me deixa dormir. Não estou habituado ao café... O café não gosta de mim, e eu dou-me mal com o café. Nunca me consegui habituar, de facto. Não me quero habituar. Odeio café. Não gosto da normalidade, assim tão pragmática. Especialmente á noite. Não se deve beber. Especialmente eu. Gosto da noite, mas não gosto de café. Damo-nos bem em alturas complicadas de muito stress... É útil para mim, nessas alturas. Dá-me força. Mas será que preciso dessa força nesta altura? É uma relação de amor-ódio. Não, nesta altura já não. Eternamente? Nunca. É tempo de paz, de plenitude, de harmonia... Não de stress. Não de café. Não devia ter tomado café. Não estou habituado a tomar café. Não gosto do efeito do café. Não quero força, neste momento. Não quero impulsão, só pela acção. Quero dormir, quero descansar, quero sonhar... Mergulhar num sonho bonito... Café não, porque não me deixa dormir... Sou demasiado sensível ao café, não quero mais café... Mas porque fui eu tomar café? Eu já sabia que o café é demasiado stressante, que não me deixa feliz, relaxado... Não me dá satisfação... Apenas uma sádica conformação... Não, não vou voltar a tomar café... Quero procurar o que realmente me dá prazer... A sensação de bem estar verdadeira... Vou voltar á droga... E ao álcool... O café? Que se foda o café...

Mudos

Toda a gente tem dúvidas.
Toda a gente tem preconceitos.
Toda a gente tem medos.
Toda a gente tem defeitos.
Toda a gente tem incertezas.
Toda a gente tem sonhos suspeitos.
Toda a gente tem coragem.
Toda a gente tem receios.
Mas grande parte, contrariada, fica com o primeiro que (a)parecer...
Outra parte recalcada, fica á espera, e entretanto vai sofrer...
Uma minoria inconformista, não desiste do sonho, de realmente viver...


Angeloy It..!

Dance,
Let you dance baby blue
Be your self
dance whenever you feel like to

Dance,
Let you dance baby blue
Forget time ignore reality...
Enjoy these wor(l)ds and just be you...



To My Friend, Baby Blue

Can't Erase, Can't Restart...

Can´t erase her from memory..,
And i do try,
The only logical escape,
from us..,
from a strange situation.
Even tough its too late
we still think how would it be like...
Can´t say it wasn´t my fault too.
Expecting too much from you and your loved ones
makes you cold and, distant.
After that days,
everything would be so less far away.
Not everything in your perspective...
Everything there me,
represented the oportunity of us.
Today I would do it so different...
And I will remember...
Her eyes seemed to make all that black clouds desapear.
Deep in my memorable dreams...
A watch-out stick in my throat,
till the very last day...
Strange inconscient feeling,
not just someone who has passed by...

I never had the chance to ask her to stay,
and i never had the time to say goodbye.

Dança, dança para mim...

Dança, dança para mim esta noite...
Dança esse sorriso, esse charme, essa simpatia.
Dança misteriosa das arábias,
Perdida nas histórias de encantar,
Só Tu conseguiste aprender a lembrar...

Dança, dança para mim esta noite...
Dança esse olhar, essa voz, essa textura…
Dança fascinante das arábias,
Perdida nas histórias de encantar,
So Tu conseguiste aprender a pensar...

Dança, dança para mim esta noite...
Dança esse pensamento, essa revolta, essa consciência.
Dança intrigante das arábias,
Perdida nas histórias de encantar,
So Tu conseguiste aprender a gostar...

Dança, dança para mim esta noite...
Dança essa mágoa, esse tristeza, essa sensibilidade.
Dança distante das arábias,
Perdida nas histórias de encantar,
So Tu conseguiste aprender a partilhar...

Dança, dança para mim esta noite...
Dança esse sentimento, esse carinho, essa ternura.
Dança sedutora das arábias,
Perdida nas histórias de encantar,
So Tu conseguiste aprender a entregar...

Dança, dança para mim esta noite...
Dança, essa aurora, essa alegria, esse amor.
Dança apaixonante das arábias,
Perdida nas histórias de encantar,
So Tu conseguiste aprender a sonhar...

Queria, Mas Não Consigo...

Hoje queria escrever sobre um anjo que há uns tempos passou por mim, e que julgava(me?) perdido...
Mas confesso que depois senti-me pequeno, muito pequeno... Comecei até por escrever um poema que depois rasguei e deitei fora... Por (me) achar ridículo, simplista, superficial, inútil.., desisti e deitei-me para o lixo... Reli a intrigante naturalidade, a consciente profundidade, o cansaço sonhador, a invulgar perspicácia, a directa frontalidade, a estética literária.., e senti-me ainda novo, muito novo, como se ainda fosse uma criança e ignorasse todas as coisas... Paro novamente de escrever, e fico reticente... Nada sei, tão pouco nada sei, quando falo com alma tão profundamente pensada... E ao mesmo tempo imagino aquilo que desconheces e que nunca vais ter noção de não conhecer...

Guilty

Guilty Lyrics
Artist(Band):Ella Fitzgerald


Is it a sin? Is it a crime?
Loving you dear like I do.
If its a crime then I'm guilty.
Guilty of loving you.

Maybe I'm right, maybe I'm wrong
loving you dear like I do.
If its a sin, then I'm guilty.
Guilty of loving you.

What can I do? What can I say
after I've taken the blame?
You say you're through, you'll go your way.
But I'll always feel just the same.

Tesouro

Lá na penumbra da noite escura
No meio dos bosques amaldiçoados
Busco a renovada frescura
Longe dos puritanistas frustrados.

Pelos escuros recantos do infinito
No misterioso sonho silencioso
Solto as amarras do mundo horroroso
E parto para um outro desconhecido.

Sem Efeito

- Dr, acho que não vai ser necessário duplicar a dose... Estava de facto até a pensar se seria possível reduzi-la...

- Ainda bem que é o senhor que me diz isso. Deverei depreender daí melhorias?

- Hum... Uma ligeira acalmia, sim... Começo a analisar tudo mais racionalmente e surgem conlusões diferentes... Ela ainda vai ser muito feliz, e eu também... Mesmo separados, para sempre...

- Noto de facto hoje uma ligeira moderação nas suas palavras, devo confessar-lhe. Esperava que fosse rápido, mas não que fosse tanto.

- A vida está em constante mutação e movimento... Todos os dias o sol se põe, e a noite cobre os céus... Ela é uma pessoa boa, e terá alguém igual a seu lado para poder compartilhar esses momentos...

- Tem mesmo a certeza que quer acalmar? Dir-lhe-ia em tom de brincadeira que o último tratamento estava a ser positivo...

- Desejo mesmo, e harmonia para ela... Era apenas um sonho inocente, que acabou... Desejo sinceramente que nunca o tenha sonhado também... Desta forma, já tudo parece(ria) fazer sentido...

O Incerto

Esquecer tudo. Sem outros, sem eles. Nós? Só porque nos apetece... Quando? Agora? Nunca? Não é tarde? Será que ainda temos tempo? Imaginei-te, por segundos. Depois veio o tempo, sempre o tempo... Sim, sou directo, mas pouco... O certo? Fica. Eu sou o incerto. Vou...

O Reencontro

- Não esperava vê-lo por cá tão cedo...

- Nem eu. Dei por mim a mutilar o cabelo. Sinto-me ainda pior, embora mais "conformado".
O mundo é muito feio... Queria continuar a viajar, mas só consigo.., escondido dele... Esgotam-se-me as forças na insistência...

- Mas não notou melhorias nenhumas?

- Sim, quando rodeado das pessoas que gosto... Mas á noite... sentia-me preso, e sem fuga possível... Mas a realidade é mesmo assim.., fatal, linear, previsível. Pouco ou nada haverá a fazer...

- Vamos então experimentar outro tratamento. Vamos voltar aos comprimidos, mas desta feita vamos aumentar as doses.

- O meu desejo era ilógico, não-necessário, p'ra ninguém senão para mim... Irrealista, idealista, pouco sensato. Mas que diabo, mesmo assim gostava de falar com ela ...

- Assim nem triplicando a dose... Vejamos se conseguimos resolver isso rapidamente.

Filho da Puta

- Mas que ideia acha que ela terá de si?

- A de um grandessíssimo filho da puta... Insensível, egoísta.., não sei... Acho que me odeia. Não, odiou... Agora já nem isso... Está-se a cagar, completamente. Mas não a censuro, nem um bocadinho. Outra coisa não seria de esperar. Na realidade nunca se passou nada, nunca deverá ter existido. Só mesmo na minha cabeça. E mesmo assim, já não faz qualquer sentido... Vem fora de tempo, já ultrapassou há muito o prazo de validade... Doutor, ajude-me...

- Acho melhor interromper a medicação por uns dias...

Loucura

Não é fácil. Sabia-se de antemão que não seria fácil. Mas contigo foi particularmente difícil. Lembras-te daquele primeiro olhar? Que terias sentido? Alguma sensação te terá tomado o pensamento. Nunca a revelaste. Talvez nunca tivesse sequer existido. Enxotaste violentamente a minha mão quando te tentei fazer uma carícia, e chamaste-me desajeitado. Olhei-te de longe, e não entendia se aquilo era sério. Parecias tão severa contigo própria... e distante… Pelo menos quando estava por perto. Quando te via ao longe, olhavas-me paradoxalmente de forma tão terna e pura… Depois coravas, olhavas para o teu lado, e fingias um ar sério. Mas motivada por qualquer força aparente, voltavas
de novo a olhar em volta. Eu era o pior. Fingia fixar o vazio, justamente por detrás de ti, e escondia-me cobardemente. Tinha medo dessa sombra que pairava tantas vezes à tua volta. Apetecia-me simplesmente levantar voo e chegar até ti. Mas não. A farsa manteve-se. Continuei a fingir que não te via, e quando pensei que te esquecias, levantei-me e saí. Voltei lá um dia. Sentei-me na mesma cadeira, e imaginei ver-te, à mesma distância. Mas algo tinha mudado para sempre. Os três curtos passos que nos separavam estavam há muito intransponíveis. Porque penso eu nisto? Definitivamente… Estou a ficar louco..!

Gumes - Mão Morta

MÃO MORTA
Álbum: Nus
Gumes
[Adolfo Luxúria Canibal / Miguel Pedro]



1.
Na noite que se avizinha, um mar de gatos com cio invade os sotãos, ensanguentando as memórias com a dor pungente dos dias em que o gume, o terrível gume das horas afiadas, rasgava os espíritos. Já o clarão das ruas toldava os cérebros com angústias venenosas e vertigens de suicídios sonhadores, na vontade de fugir ao inóspito vazio do tempo da ausência...


2.
Acção!
Isto é um assalto!...
Todos de mãos no ar!
Não quero nem um gesto...

Passa p’ra cá esse vil carcanhol
Para irmos daqui sem funerais!...
Anda homem ou és um caracol?!
Não quero ficar aqui à espera dos maiorais...

(Vai junto à porta ver se o caminho está livre para a nossa saída...)

No chão! Quero toda a gente no chão...
Assim!... Vamo-nos pirar!...
Já!


3.
Eu sou estas mãos que se fendem na areia como um velho pau
A serpente que se arrasta o corpo em assaltos ao olho do cosmos
Tudo vem a mim a escura escama dura dos monstros do fogo
Um ventre de rei em corcel alado de freio nos dentes
Flash

Aí está Stanislau
Belo como estrela do mar gigante em asilo de lepra
A tirar a espinha às horas
Vem
Vem
Vem
Flash

Flores carnívoras passam sua língua no ventre do lacrau
Os seus lábios grossos deixam escorrer o esperma quente
Prova a minha orelha
Prova o meu caixão
A morte ronda
A vida cresce
Floresce
Flash
Amanhece


4.
Estou farto disto
Não posso mais
Todos os dias
Passam iguais
Como um fantasma
Com escorbuto
Corro a cidade na busca de um xuto
Speed ou heroa
Coca ou morfina
Tudo me serve
Como vacina
Desde que traga a santa narcotina
Furam-me os ossos
Caem-me os dentes
Reflicto ao espelho sinais indigentes
Mas o pavor
É da ressaca e da dor

Já desvairado
Com tanta volta
Sempre sem ver
Poda ou recolta
Fico em suores
Vem-me a carência
Sinto-lhe a mão sem qualquer clemência
Pica-me as pernas
Prende-me as costas
Fere-me os tímpanos
Em dores expostas
No rito ansioso do coçar das crostas
Não posso mais
Tudo o que eu quero
É ver-me livre deste ruim desespero
Um caldo tal
Que seja um ponto final


5.
O rei mimado está
Feliz e sem rival
E verte para mim
Cem gotas de água e sal
Aos saltos e pinotes
Percorre agora o chão
Mas pára p’ra lutar
À vista de um dragão
Batuques e tambores
Ilustram o combate sem dó
Alguém me afaga a lã
Me puxa num trenó
Me leva na manhã
Do sol-e-dó

Acordam os amores
No reino da paixão
São elfos e duendes que
Nos levam pela mão
As folhas são azuis
O sol vermelho está
A relva sua e diz que
A vida é um sofá p’ra gozar
São monstros de cordel
Histórias de encantar
No espelho de Babel
A festa não tem fim
Volteia agora o vento
E eu peço um gin


6.
Vamos lá então juntos recitar
Este belo acordo que nos vai ligar
Juro pela vida nunca me trair
Juro pela vida sempre resistir
Juro pela vida nunca obedecer
A qualquer vontade fora do meu ser
Juro pela vida sempre acreditar
No poder sagrado que nos faz amar
Juro pela vida sempre contrapor
O valor da festa contra o tédio em vigor
Juro pela vida todo me entregar
À paixão do jogo do corpo e do criar
Radical radical radical
Hei-de ser no agir no pensar
Só na luta há festa só na luta há gozo
Para ter um destino aventuroso
Eis o Graal nosso Graal

O mundo é nosso vamos a ele

O mundo é nosso não há que ter medo

O mundo é nosso vamos com ele brincar


7.
- Ouviste o que disse o aquecedor?
- Como?
- Repara na luz. Repara como muda de intensidade... Está a dizer qualquer coisa!
- Mas isso é um aquecedor, não fala!!!
- Shut!... Não ouves o murmúrio?... Está a dizer qualquer coisa!
- Mas isso é o barulho da electricidade a passar...
- Shut!... Escuta!...
- Deixa-te de tretas. Vamos embora!
- Não posso.
- Não podes?!?...
- Tenho de ficar ao pé da luz. Está a querer dizer-me qualquer coisa! É importante!...
- Importante?!? Ainda acabas é na Casa Amarela a apanhar choques eléctricos...
- Pois eu acho que há aqui uma entidade qualquer, um ser de outra dimensão, uma energia cósmica, a tentar estabelecer contacto comigo... Repara no cintilar, nas pequeninas explosões de luz... Isto não é electricidade!
- Não!... Isso não é electricidade... São miolos a fritar!
- O quê?
- Disse que tens os miolos a fritar. Deve ser do calor...
- Por acaso estou cheio de frio!... Não queres ligar o aquecedor?
- Mas tens o aquecedor no máximo! Nem sei como não te queimas, aí tão perto...
- Shut!... Escuta!...
- Bom, vou-me embora! Depois conta-me o que te disse o ET...


8.
Assomados, com o andar titubeante das vítimas da realidade absoluta, desfalecemos em convulsões de electrochoque no turbilhão da engrenagem triturante que nos transportou em sucessivas oscilações sísmicas para o apaziguamento da indiferença e o amargo isolamento da solidão. Nada é o que era, nada foi o que sonhamos, apenas visões esfumadas ao contacto da memória, apenas imprecisas impressões de um tempo gasto pela usura. Tivemos o mundo, fomos o mundo...
Salve, cadáveres brancos da inocência!
Salve, corpos belos do amor!
Salve, feiticeiros da embriaguez permanente!
Salve, magos da existência não fragmentária!
Salve, pederastas do desejo, junkies do caos, prisioneiros da liberdade!
Salve, irreprimível lúdico!
Salve, criadores de vida, amantes da infância, viciados do presente!
Salve, orfãos perdidos!
Salve! Salve! Salve!

Imaginação

- Ás vezes dou por mim a imaginar como seria beijá-la...

- Hum... Acho que este método não está a resultar...

Consciência de Um destino Normal

-Mas que está o senhor a fazer?
Sabe muito bem que ela irá acabar por ficar com ele,
e deverá passar uma bela vida, cheia de normalidades...
E o senhor, por seu lado, a continuar nesse caminho,
também não se poderá vir a queixar de sua sorte...


-Se é assim tão simples,
porquê então indomável pensamento,
gritos das profundezas escuras e misteriosas
ressurgindo do dentro,
com tamanha violência e obscuridade?

Continuo a quere-la e deseja-la..,
de forma ansiosa e doentia.
Penso..,
demasiadas vezes,
e demasiado tempo.

E fico extremamente nervoso,
quando escuto os ponteiros do relógio.
Assustado, mas semi-conformado, assumo.
Nunca vou poder contempla-la plenamente...




-Sim, mas também tem consciência que a paixão é relativamente recente, e com o tempo deverá passar...


-Muito provavelmente...

Mas mesmo assistindo ao certo desfecho..,
e a esta distância,
do caminho diferente,
continuo a sonhar muito com ela
e a deseja-la intensamente...

Talvez ela própria saiba,
e pense nisso com regularidade.
Pensará ela também?


-Vou-lhe ser sincero. Se o senhor hoje não sabe, temo que nunca chegará a sabê-lo.

A Carta

- Escrevi uma carta enorme para ela, era mais um pedido de desculpas sabe? Mas escrever cartas daquele tipo... Por muito ridículas que sejam, como todos esses tipos de cartas... Não vale a pena. Mesmo que ela o viesse a ler. Mesmo que noutro fundamento, tempo ou local próprio...

- Nâo deve ter sido tão irresponsável, ao ponto de ter divulgado isso.., espero eu.

- Acha mesmo? Seria absurdo.

Há Tempo...

Podia jurar que era ela. De branco, ou não, era rosa, azul não. Ficam-lhe bem as cores... Aquele olhar... Era ela, sem dúvida. Página branca com tons de azul. Tonalidades. Cruzadas. Gosto muito. Não, a alma. Claro que escreve. Os sítios parecem indiferentes. Diferentes. Não, são iguais. Mas afastados. Diferente das outras páginas... Já não passava... Há tempo? Precisava. Ansiava. Maldisposto? Comprimidos... Tenho procurado. Á noite. Pelas colinas, e pelos grandes vales profundos. Ia com os meus amigos. E os teus? Custava alguma coisa, fodasse? São amigos? Ela ou eu... Não, fui eu. Sou uma merda... Bastava engoli-los. A merda do orgulho e do preconceito... Nem que atestasse a alma... Queria embebedar a cobardia. Poder escapar. Escapei? Sim. Não merecemos mais do que isto? Cumprir uma vida de merda das regras? Á risca? Era, não era? Queria cagar para tudo, e fugir... Sozinho? Não. Ela. A vida é uma merda. Não é? O que fizemos com ela..? Uma grande merda... Os nomes provocam confusão. Sim. Sou o confuso. Queria partir agora. Havia algo que batia certo. O tempo. Depois? É tarde. Agora. Também. Onde estará ela agora? São só nomes. Nunca os consegui decorar... Eram cinco. Não é importante. É? Da outra forma parece não fazer sentido. Desta também não. Mas não eram contas fáceis? Desta distância. Sim. O tempo. Deixa/ou-me dormir? Contexto? Encadeamento? Tempo? Sentimento. Sentidos. Dificuldade em associar planos? Tu? Não sei. Eram dois, simples. Um mais um dois, menos um, nós. Parecia. Acordei agora, sim. Comprimido? Ás vezes... Penso. Muito. Demasiado pouco. É esquisita, triste, distante... Preconceito. Os outros. Eles. Nós? Há tempo... O quê? Agora. Sim. Imaginei-a. Sedantes. Almantes. Escuto. Escuro. Fachada. Sempre fechada. Sim, sim era directo, mas muito pouco. Com ela. Certeza da incerteza. Coração podre. Poeirento, bolorento. Está vivo, pois parece que já não devia. Memórias decadentes... Remorsos inerentes... Doçura, expressões, delicadezas, inocências... Sonhos... Penso. Fumo. Fumo, penso. Faz mal. Aos pulmões. Mas dá prazer. Dói-me o estômago. O tempo. Aparece-me. Mais forte. Já não a vejo... Falava com ela? É inconsciente. Não consigo. Parece-me. Aparece-me. Do interior. Do nada. E o tempo? Continua. Na caverna. Raízes? Não, foi pouco tempo. Juntos? Não. Pois... Devo-lhe confessar... Queria desculpas. Sim, desperdicei todas as desculpas. Pedir desculpas? Devia? Coitado. Confusão. E devo confessar que não. Agora. Penso nisso. Não era por mal.., não sei.., pensava. Mas não parecia. Suficientemente. Como uma pancada. Forte. Fugaz. Farto. Egoísta. Tem toda a razão. Também eu. Nunca foi minha intenção. Sair, fugir, explodir... Esperar? O tempo. Deve estar tudo bem agora... Estará? Há um prisioneiro fechado numa cela. Pensará? O tempo. No cativeiro. Longe? Muitas caras. Aquele olhar... O meu? Não, será... Dúvida. Persistente? Incoerente. Uma espécie de imagem. Ausente. Dela. Os dois? Fachadas. Fechadas. Não, olhar, olhou. Eu? Não. Sim eu sei que não devia... Era inocência. Aquele olhar... Íman. Alarme. No primeiro dia... Há muito tempo. Sim, o tempo. Cruzei-me com ela. Perto das escadas. Nas grandes de pedra. Saiu.. Estranho, instantâneo impulso. Olá! Era tímido. Não sei... Sim, era. Sou. Normal? Realmente... Linda. Tinha cabelos longos. E claros. Nessa altura. Acreditava? Coisa impensável. Racional. Na altura... Agora? Aquele olhar... Não sei... Ciúmes... Roía-me de ciúmes. Reetirei. O Tempo. "Mea culpa"? Não resolve. Só adia. Nada espero... O resto? O quem? Está bem... Desculpas. As minhas? Rotas. Ambição? Não. Nunca. Isso nunca. Mágoa. Ela. Desculpa? Sim, na altura... Pretexto. Ponte. Para ela. Partiu. Por ela? Por mim? Sim. Por mim, por ela, por tudo... Tão longe. O rio é grande. Estúpido. Arrogante. Insensível. Comovido. Fudido... Estava magoada. Estava? Gostava? Sim... Era ela...Agora tenho a certeza que era ela. Era branca.., e azul... Sim, adianta... Perdoa-me... Por ter desaparecido, por ter reaparecido, por ter mentido, por ter falado, por ter faltado, por ter saído, por ter esgotado, por ter enganado.., o tempo... Há tempo? Há dúvida? Sem dúvida. Eras tu. E aquele olhar... O olhar... Viste? Amo-te...

Busca

Apetecia-me salvá-la
daquele destino padrão,
liberta-la da frieza e vazio daquele castelo,
e trazê-la para aqui,
para junto de mim...
Descobrir com ela todos os limites do universo..,
de um outro,
de um outro lado...

Não. Acho que no fundo queria apenas salvar-me a mim próprio...

Aviso



A todos vós,
progressistas, politicos, cidadãos, tecnocratas, trabalhadores, liberais, partidários, corporativistas, decisores, investidores, responsáveis, empresários, vigilantes, juízes, decisores, construtores, estudantes, alunos, professores...
Quero aqui desde já avisar...
Não nasci para ser escravo.
Prefiro mil vezes o prazer
nasci para viver
nasci para crescer
para ser livre
não para desperdiçar a vida a trabalhar...

Queria-te Ver...

Insatisfação d' alma...
Desejo fortemente reprimido..,
de a querer voltar a ver..,
sonho acordado..,
e acordo imaginando...
Como queria estar com ela..!


Insatisfação d' alma...
Desejo fortemente reprimido..,
de a querer voltar a ver..,
sonho acordado..,
e acordo imaginando...
Como queria estar com ela..!


O amor não surge por magia, mas sim por tentativas...

Devido, a algumas reacções feministas, de resto com alguma razão de ser, urge esclarecer alguns pontos acerca das minhas convicções e filosofias de vida. Ao contrário do que se possa pensar, não tenho uma visão machista do mundo, e muito menos materialista das mulheres. Todas têm os seus encantos e qualidades (também defeitos), todas têm o seu charme, a sua chama, todas têm o seu encanto e mistério. Todas são uma caixinha de surpresas, um tesouro imenso a descobrir. Acontece que muitas delas me despertam curiosidade, interesse, desejo, interesse de descoberta. Vontade de desvendar aquela fachada exterior, que nos vai dando imagens, pistas sucessivas obre o que verdadeiramente compõe o interior daquela imagem, à medida que nos vamos cruzando e desfilando neste imenso e grandioso palco que é a vida.

Numa análise mais vasta, não são só as mulheres que nos despertam esta curiosidade, este interesse de saber o que vai no mais íntimo da pessoa, no interior de certa alma. Esse fascínio é normal em todos nós, e é de facto saudável. Com todos se aprende um pouco mais, não só acerca desses espíritos mas simultaneamente do ser humano em geral, de nos próprios em particular. A mim fascina-me profundamente, e grande parte do que sou hoje em dia, foi retirado e construído da mediação entre a interacção permanente com os outros, e comigo próprio. Toda a minha vida, especialmente desde ganhei essa liberdade e adquiri a possibilidade de o fazer, que tive o cuidado de escolher escrupulosamente os indivíduos que mais admirava, e com os quais sentia que tinha mais a aprender. Ora isto tanto vale para homens como para mulheres. Para jovens da nossa idade ou para exemplos um pouco mais velhos. Mesmo dos familiares, conscientemente ou não, retirámos a experiência e em geral, e os aspectos que mais gostamos em cada um deles.


Ora isto é tanto ou mais verdade com as mulheres. Contudo, neste campo as coisas adquirem um especial sentimento, um especial magnetismo que nos faz pôr a razão pura de lado, e nos obriga a verificar que há algo de mais poderoso do que o simples raciocínio nestas escolhas. Mas apesar disso, há sempre um fundamento racional, nesse sentimento irracional, que o nosso subconsciente lá despertou e transformou em atracção. Provavelmente dai vira, numa analise feita de modo superficial e ligeiro, o encanto e o interesse do poderoso jogo da atracção. Pelo menos eu funciono assim. Quase todos os dias sinto essa reacção dentro de mim. Todos os dias me sinto tentado a olhar para belas e interessantes mulheres. Todos dias me sinto atraído por elas enquanto me cruzo, enquanto as olho, enquanto ouço, enquanto falo, enquanto interajo com elas ou mesmo quando me limito a observar de forma passiva. Todos os dias me apaixono. Embora haja claro, algumas que me despertam um sentimento mais poderoso e mais forte, que me faz deseja-las permanentemente, mesmo quando não as vejo ou estou com elas. Pelo menos comigo sempre foi assim, e penso que sempre será, ate ao dia em que, de naturalmente, e volto a frisar, de forma natural, espontânea e progressiva deixe de o ser.

Ora será isso impeditivo de um dia vir a amar alguém, ser fiel, e ter uma relação estável? Na minha opinião são duas coisas humanas e perfeitamente compatíveis. Não esta nos meus ideais trair alguém quando me comprometo a não fazê-lo. No sentimento verdadeiro não é isto uma promessa ou uma obrigação, mas antes uma convicção, plenamente assumida, como alias já tive a oportunidade, embora ligeira e temporária, de sentir. E se digo temporária aqui, e por sinceridade e não por hipocrisia. E evidente que a vida é um contínuo rodar de película, e nunca se sabe o que a próxima cena do guião nos ira reservar. Como tal não acredito em promessas eternas, embora não admita que elas não possam acontecer. Acontecem de facto, e e bom acontecerem. Mas não acontecem por acaso nem por milagre. Não acontecem nestes moldes de promessa eterna com uma venda nos olhos, sem qualquer background prévio, e como tal sem saber o que nos reserva o amanhã. É preciso querermos e desejarmos com muita intensidade estar com essa outra metade diariamente, e fazê-lo de forma natural e saudável. E se isso não acontece nas primeiras tentativas, nos primeiros tempos, ou nos primeiros personagens não é defeito de ninguém senão dos nossos complexos e dogmas sócias. Deve ser um processo contínuo, livre, despreocupado, aberto, flexível e aceite de forma natural, espontânea, voluntária e progressiva. Nunca uma tentativa de querer que as coisas aconteçam por magia, num curto espaço de tempo, e ás primeiras tentativas, nas primeiras relações. Deverá antes ser antes atingido por tentativa e erro. Tentativas concretas e consumadas, e não ficções imaginárias, hipotéticas, platónicas. Não deve haver medo de arriscar, de experimentar, de vivenciar, nem depois deverá haver um complexo de dever, de subserviência, de aceitação de resignação. É preciso testarmo-nos a nós próprios e aos nossos limites, bem como aos outros, nas mais diversas situações. E se não nos completar, se não nos satisfizer, se não nos realizar, não há que ter qualquer problema de consciência para connosco ou para o nosso parceiro/a, pois o balanço a retirar no final será sempre de satisfação de alegria, por mais experiências de vida registadas (na primeira pessoa), por mais recordações positivas, por mais bons momentos passados, que nos realizam e enriquecem sempre. Crescemos e aprendemos não na teoria, não no plano imaginário, hipotético, não isolados dos outros, do mundo e de nós próprios, mas sim pela mediação do eu com o outro, com a situação concreta, com o cenário real, que não há que temer mas sim que desejar e levar a cabo.

Como poderemos então nós adivinhar quando chegará esse momento, esse alguém especial, em que vamos deixar de desejar viver essas situações diferentes e diversificadas, e sentir a necessidade de abdicar de todas elas até sentir a necessidade de perpetuar uma em concreto? Qual será então esse momento em que nos vamos sentir assim de forma espontânea, e ter a certeza que a nossa busca estará terminada, pelo menos até certo ponto? Esse sentimento a que chamam amor? Quanto tempo demorará esse processo, esse ciclo de conhecimento e de aperfeiçoamento de nos próprios e dos outros? Quando saberei eu que estou perante a pessoa certa? Quantas relações serão necessárias até saber que cheguei esse nível? Quanto tempo terá que durar cada relação até chegar ai? Durará seis dias, seis semanas, seis meses, seis anos, seis décadas? É uma incógnita, e nunca se poderá adivinhar o futuro. Ignorante e inconsciente será aquele que diga o contrario, por muita que seja a sua vontade de que isso de facto se realize. Por isso a solução simples será sempre a de não ficar parado e não ter medo de arriscar. É a pratica que conduz á perfeição, é pelas tentativas praticas que se chegara ao amor perfeito e não o contrario, pois só aí as partes terão bagagem suficiente para saber como agir nas mais diversas e complicadas soluções. Para alem do mais já se conhecem as dificuldades.

E qual será a melhor forma, agora falando em concreto, para atingir esse estado pleno? É errado conhecer pessoas, interessarmo-nos por outras seres como nós, apaixonarmo-nos por elas, ter casos românticos ou não por quem sentimos especial interesse? Por quem nos atrai? Por quem nos sentimos identificados? Por quem nos fascina? Por quem nos seduz? Por quem nos faz despertar em nós os nossos mais profundos impulsos e sentimentos? Por quem queremos descobrir como a um tesouro, desvendar como um segredo? A quem queremos tirar a máscara social para conhecermos verdadeiramente, a ela e a nós próprios? Com quem queremos partilhar a nossa vida, o nosso íntimo, o nosso ser, a nossa cama? É errado fazê-lo? Porquê? Por um receio ridículo? Por um complexo social? Por um trauma qualquer do passado? Por um medo cobarde dos outros, e de nos conhecermos encontrarmos a nos próprios?

De facto, todos estes factores têm nessa escolha um relativo factor, mas o principal problema aqui e apenas e só o medo de assumir um compromisso. É que na nossa cultura ocidental, envolver-nos directa e intimamente com outra pessoas significa (embora não se assuma logo à partida, mas esta implícito) assinar (embora de forma não objectiva) um contrato prévio que nos obrigue a prometer compromisso amor eterno, bem como de fidelidade (aqui tomada no seu sentido mais radical). Ao invés, isto deveria ser sim um compromisso apenas de descoberta de prazer mútuo, apenas no momento presente, retirando daí o máximo de prazer e deixar o tempo ditar o futuro, os sentimentos, e ate o tipo de relação sem definir nada previamente. Ambos poderiam conhecer o outro, viver momentos memoráveis, e deixar tudo o resto indefinidamente para trás das costas, ate que o tempo de forma natural ditasse o desfecho da situação. Ao invés as pessoas preferem ficar sozinhas, frustradas, abandonadas e infelizes sem nunca sequer chegarem a saber, como seria realmente beijar aquela pessoa, passar uma quantidade apreciável de tempo com aquela pessoa, sentir aquela pessoa, dormir com aquela pessoa, e conhecer os seus segredos. Só assim se conhece verdadeiramente. E se não resultasse partiria para outra, com mais conhecimento que lhe iria ser útil. Levariam sempre pelo menos uma boa dose de recordações e sentir-se-iam vivas e plenas. Mesmo que essa busca decorresse durante, se tal fosse esse o entendimento entre os dois, porque não? Num plano de poligamia até, num caso extremo, seria perfeitamente aceitável. Desde que claro com o perfeito conhecimento da situação e dos termos entre as partes e sem quaisquer segredos. Não só seria possível, como saudável, e daria a cada um de nos, a possibilidade de ganhar alguém, não pelo compromisso forçado, mas através da plena, sã e testada vontade de escolher até, depois uma delas, se fosse caso disso. Com igual procedimento entre os dois parceiros, ou não, se tal fosse a sua situação com consequente aceitação.

Se queremos descobri-las, desvendá-las, passarmos momentos de felicidade com elas, ao mesmo tempo que vamos as vamos enriquecendo e a nós próprios? É mau passarmos por experiências juntos com pessoas, ter acesso a um pouco do seu universo interior, abrir a caixinha de surpresas que tanto nos fascina e tanto nos impele a descobrir? É mau partilhar experiências com alguém que nos fascina e atrai profundamente? É mau se nos sentimos tentados a beijá-las, a amá-las, a ouvir os seus mais secretos pensamentos, as suas ideias e convicções, os seus traumas de infância, os seus complexos de adolescência, os seus momentos de alegrias e de felicidade, as suas narrativas hilariantes, os seus medos e receios, os seus problemas e dificuldades, os seus sonhos e planos? É errado isso? Então porque não? Então porque somos nos cobardes e hipócritas ao ponto de nos privarmos de tudo isso, para permanecermos fechados no nosso próprio mundo, com barreiras fechadas a volta de cada um, porque vivemos numa sociedade constrangedora, que nos transforma a nós seres humanos, com essas necessidade natural de estarmos em permanente contacto com os nossos semelhantes, especialmente com aqueles pelos quais mais nos interessamos, mais nos fascinam, ou mais desejo de descoberta nos provocam? Que merda de sociedade hipócrita é esta? Que merda de pessoas acreditam e sustentam este sistema artificial, cruel, castrador e inumano? E que merda de protocolos e de regras sociais é que temos? Que merda de educação recebemos nós? Que merda de influência é exercida sobre isto, quais os seus meios e repercursões? Não será de ignorar decerto a inluência rígida e conservadora da religião feita de modo directo ou indirecto, que interfere claramente na educação dos jovens e que é depois alimentada por leis e organizações sistemáticas, promovidas e sustentadas por um pequeno grupo social adepto da tradição e dos "bons costumes", e que nos vai ditando as regras. Mas porquê este quadro? Porquê este modelo padrão, e porquê a nossa resignação social em aceitá-lo?

Contudo as coisas estão a mudar aos poucos, e felizmente diga-se. Passou a haver divórcio. Passou também a haver também um conhecimento mais completo e aprofundado das pessoas antes desse contrato cego (na maioria dos casos) que é o casamento, e começa-se a assistir igualmente ao fenómeno das relações de facto, que no meu ver terão bastantes mais hipóteses de sucesso, não necessariamente a nível de duração (mas também), como ainda a nível da obtenção de um maior grau de felicidade. Nestas relações ninguém é obrigado a estar porque se comprometeu, mas sim porque o deseja plenamente, e está satisfeito com isso. Quando, e se, chegar o momento em que não seja esse o caso, pode sempre optar por terminar o relacionamento e partir de novo em busca da sua felicidade. No fundo, o que está na base ultima de tudo isto, e a nossa pré-programaçao para procriar os nossos genes, nomeadamente através de um filho, e isto sim, poderá ser um vínculo determinante. Contudo deverá ser este factor a ditar o início e o fortalecimento de uma relação e não o casamento, que o provoca por consequência dessa primeira escolha. Na nossa sociedade, quantas vezes a primeira situação provoca por arrastamento e uma certa conformação a segunda, ao invés de ser esta última a mais importante? E isto numa análise estritamente racional e evolucionista, pois sabemos todos bem que não e assim tão simples. A juntar a isto existe o sentimento do amor, e numa escala inferior a este, a paixão. Ainda descendo mais, podemos chegar a um sentimento de afecto, descendo ainda mais de empatia, e num plano abaixo, aquele sentimento de comunhão, de descoberta, de convívio puro, motivado pelo nosso fascínio de conhecer o outro. Se formos ainda dissecando mais por baixo, este último é quase sempre antecedido duma forte atracção, que pode ter ou não por origem uma amizade. Será a vulgarmente designada amizade colorida.

Ora o problema põe-se justamente neste ponto. Na passagem deste estado de atracção, em que não há nada mais do que um falso e deficiente conhecimento sobre a aparência (não só exterior dessa pessoa), para um estado de verdadeira partilha e conhecimento mútuo de ambas as personalidades. É neste ponto que a nossa educação e a nossa sociedade nos restringe e nos impede verdadeiramente de sermos humanos e de nos realizarmos enquanto indivíduos marcados por uma necessidade de preenchimento a todos os níveis, pela outra cara metade, na maior parte das vezes pelo homem ou pela mulher, não sendo sempre assim nesta visão heterossexual nem tendo de ser. A haver um passo, a sociedade tradicional impele-nos a dar um passo gigante, um passo abismal, para a situação de namoro, que é (como ponto exclusivo de compromisso a que me quero referir) semelhante na sua forma ao contrato de casamento. Nomeadamente no que diz respeito ao compromisso rígido, à promessa de fidelidade eterna (noção que aliás é discutível, e muito subjectiva de acordo com as convicções de cada um), e de compromisso assente, eterno e estável, que na realidade nunca chega a sê-lo. Defendo sim, uma liberdade de interacção e de convívio (até mais íntimo) antes de qualquer compromisso, que devia ser feita numa perspectiva mais alargada e descomplexada do que acontece hoje em dia, a fim de conhecermos bem as outros e a nós próprios, e enriquecermos as nossas experiências de vida. Apenas em certos casos, e mais especificamente, a partir do momento em que fosse registada uma forte empatia, que se desenvolvesse e desse origem a uma forte paixão, se deveria prosseguir na escala atrás descrita, até a um ponto tal de amadurecimento da relação, que fosse desejo de ambos abdicar deste ritual de procura, de sedução, e assumir um compromisso tácito (já consumado pelo tempo aliás), de no momento dedicar-se exclusivamente de corpo e alma àquela pessoa, tendo apesar de tudo como factor de peso, o bem estar presente (do dia de hoje, e não de ontem ou de amanha) de ambos, e não do contracto que dá pelo nome de compromisso.(cont)

(para ser continuado/ Desde ja as minhas desculpas pelos erros, porque não tive tempo de o reler)

Um bom exemplo desta necessidade premente, e da evolução neste sentido é a crescente popularidade da modalidade do swinging entre casais, embora esta seja na minha opinião feita segundo procedimentos mais rígidos e mais claramente definidos e limitados. Para além do mais é praticada depois de assumida uma relação, quando se presume que já há amor e um estado que deveria ser pleno, de estabilidade, felicidade e realização. Quem sabe se não surge por falta de um período de descoberta, como aquele que este texto refere. Ainda assim é de saudar.
Contudo, se feito algo do género noutros moldes, mas assente sim na liberdade de ambos, numa fase de experimentação, sem uma relação séria e que poderá ou não prosseguir no futuro, seria sem dúvida mais natural.

O texto será terminado e colocado aqui neste mesmo post. Não houve tempo para mais, mas há muito mais a dizer, e não era só aqui que queria chegar. Há que concluir a ideia. Mas no fundo, o que interessa é procurar a felicidade, e não nos resignarmos aos ultrapassados e incorrectos protocolos sociais, que nos impedem de irmos vivendo, e de nos conhecermos melhor e aperfeiçoarmos enquanto pessoas. A minha maior e mais intensa duração, começou com as designadas “curtes”, e com o tempo adquiriu uma dimensão tão forte que o último beijo foi dado 6 anos depois do primeiro. Pelo meio houve outras coisas, que em vez de a diminuíram, só a fortaleceram. Se não resultou, foi precisamente pela experiência que fomos ganhando, e que nos diz para nos irmos sempre aperfeiçoando e experimentando, até chegar o momento e a pessoa que noz faz pensar que é aquela, que chegámos lá. E depois, todo o vosso percurso de vida não terá sido um desperdício, mas ao invés um instrumento útil, que vos permitiu chegar, e se conseguirem manter, a essa situação presente. É mesmo assim, só não vê quem não quer. Amor à primeira vista é um mito, um conceito utópico. É sim uma boa indicação para avançarem e irem ao encontro dessa pessoa, para conhecê-la realmente, e a vós próprios.

Boas abordagens!!!