Friday, December 09, 2005

Carta Última

A descoberta foi um mero acaso. À medida que ia passando o tempo, tudo parecia cada vez mais estranho, como a luzinha da semelhança tocasse cá dentro... Agora pareco já não ter dúvidas... Sim, das letras, falo desse teu sítio, onde gostas tanto de estar. Foi ridículo, o meio de confirmação. Se a princípio, quando comecei a repetir aquele trocadilho, me senti o maior otário á face da terra, a verdade é que depois se revelou útil.. Ganha agora novos contornos, pelo menos para mim. Ao contrário do que possas pensar, o anonimato para mim sempre foi um bem supremo. Amigos sempre procurei poucos, mas tentei sempre escolhar os bons... Bem, depois disto, pouco mais haverá a dizer. È certo, que o certo coeficiente de dúvida que tomava como certo, há muito de deveria já ter assumido traços de clareza para uma pessoa na área da investigação. O meu receio agora, vai mesmo as elevadas taxas de adesão que a imprensa social cor-de-rosa parece ter neste país. Não te imagino nesse sector, verdade seja dita. Ah, é verdade, espero abandona-lo assim que possa. Nunca fui de criar muitas raízes, e parece que o começar de novo nunca foi grande problema para mim. Quer dizer... Quando se viaja com pouca bagagem, tudo parece mais fácil. Como vês também nunca tive muita roupa, e a que tenho também não será de difícil substituição. Mas isto são apenas e só, devaneios... Só eu saberei também o embaraço que esta inocente brincadeira poderá causar... Reconheço contudo que nunca fui muito discreto. Descudei-me várias vezes, mas partindo sempre do princípio que pequenas ousadias não seriam de todo evidentes... O mundo é de facto mais pequeno do que aquilo que se julga, e se a minha profissão fosse agente secreto, o meu futuro profissional estaria agora em grande risco... Um destacamento para zona diferente, seria provavelmente o veredicto. Contudo, acho que no fundo é o que se passa actualmente. Eu contudo, ficarei cá por mais uns tempos. Não nego que gosto disto, mas acho que o depois do tempo regular, já estarei devidamente preparado para viajar. Pelo meio sempre vou tendo mais um tempo para pensar no destino. E não acho que a espera vá ser tempo perdido... Mas voltando ao assunto que motivou este devaneio, penso que foi basicamente isso, a culpa, o remorso. Um "mea culpa". Não por não ter lutado mais, e transformado as coisas á minha conveniência (porque na verdade era uma simples sensação de adolescente, que sabia desde sempre impossível na prática), mas sim uma profunda vergonha pela forma como o fiz. Invocando a ambição pessoal, que nunca foi a minha bandeira, nem a razão da minha presença. Quando dei por mim estava contaminado... Não sou perfeito, mas a hipocrisia social não tornava o ambiente muito agradável... E cheguei a esta conclusão duas vezes. Quando olho á minha volta, começo a pensar que há males que vêm por bem. Mas o real problema que me levou a sair, presumo que saibas qual foi. Mea culpa. O problema era eu... E queria pedir desculpa por aquelas minhas últimas palavras...

De resto, espero que tudo tenha corrido bem, como previ. Não previa era eu estar agora nesta situação embaraçosa. Não nego que o procurei por aqui muito tempo, e que usava isto como confissão. Vinha aqui despejar a minha roupa suja, nas altas horas da noite, quando a insónia atacava. E apesar de ter tido por vezes, imaginado um cenário como este, a verdade é que o tinha como altamente improvável... Como tal, as ideias que me surgem para resolvê-lo, são no mínimo, realizadas sob pressão. Clarificar ainda mais uns pontos? O que se passou comigo foi um sentimento inocente, irracional, espontâneo... Sempre pensei, muito sinceramente, que ficasse para sempre selado em mim... Isto era uma espécie de diário para nunca ser lido...
Não penses por isso, que era alguma forma de pressão, de confidência, ou sequer de declaração... Era uma testamento para ser lido, quando morresse. Além disso, são apenas notas adicionais irreleventes, para um caso que se fechou há tempo, e que para ti nunca devia ter sido sequer apresentado. Tinha sempre a consciência que era um disparate da minha parte. Sempre soube que tinhas o teu universo próprio, do qual nunca fui quem pudesse contactar de perto. Por isso, volto a repetir, era uma fantasia inocente, de uma pessoa demente. Sim, porque se bem que ainda sou, nos primeiros tempos trazia comigo a decadência em pessoa.., Por isso apesar de pensar impossível, dei por mim assim... Seja como for, e partindo do princípio que está praticamente tudo dito e resolvido, aqui deste lado, só me resta dizer que é meu desejo sincero que todos estes devaneios aqui proferidos, não provoquem um acréscimo de sentimentos negativos (ou mesmo sarcásticos) em relação á minha personagem... E se ainda for possível, que se transformasse num segredo, não um comunicado... Mal nenhum te faria um desmentido, para proteger um rídiculo moribundo. Já para não falar dos pesadelos que tenho ao imaginar-me a cruzar com certas e determinadas pessoas... Nem quero pensar como irei reagir, mas provavelmente não reagirei de forma nenhuma...

Ah, e já agora, pode parecer estúpido, mas coincidência ou não, estava a pensar acabar de vez com estes devaneios e mudar de casa... Não o vou fazer por isto, como é óbvio, claro está... Se queres que te diga, neste momento não sei o que hei-de fazer com isto, de todo... Não vou fazer nada. Ah, e aquela cena do noooo San Petersburg, foi mesmo uma negligência da minha parte.. Quem me manda a mim andar sempre tão fora? Acho que precisava de encontrar uma forma de chegar a ti... É que depois só faço merda. Tentar adivinhar possíveis moradas, para investigar perfis, se não for acompanhado de uma devida reposição da situação anterior, pode resultar numa..: Barraca monumental!!! A isto se chama dar bandeira! Que mau... Enviei aquilo na minha inocência para todas as moradas. Aquele possível endereço, não estaria prevista na ementa. Não me preocupei muito depois, porque esperava que tal morada nem sequer coincidisse... De resto, lembro-me que quando me apercebi do incidente, apaguei de imediato... Mas pronto. Eu sei que é triste, mas que posso dizer..? Por outro lado, a reboque de uma grande carga, e com requintes de comédia, lá consegui, à custa de alguns incidentes e (in)felizes coincidências pelo meio, chegar ao teu contacto. E quase com mestria de investigador, sem fontes rigorosamente nenhumas. Agora já sabes que te menti, e que não foste tu a principal razão para justificar todos os meus comportamentos infantis. Nunca deveria ter deixado de conviver, de te falar, e muito menos de te ter dito aquelas coisas horríveis... Desculpa. Ah, e quanto ao resto, que fui dizendo... Sim é verdade. Sonhei algumas vezes contigo, mesmo depois de tanto tempo sem te ver. Mas creio que Freud explica isso algures na sua teoria. Diria de forma grosseira, que enquanto não te fizesse chegar estas palavras, o meu subconsciente não faria as pazes comigo... Com o tempo desaparecerá. Reconheço os meus erros. E não posso deixar de referir, sob pena de ser hipócrita, que nunca deixei de nutrir um carinho especial pela tua pessoa. Mas creio que isso, sempre soubeste. Creio que isso é normal. E soube separar as águas. Quando perdi o controlo, desapareci. Pelo menos até vir despejá-las aqui neste grande oceano. Sempre te vi noutro cenário, que não o meu, e é justamente lá, assim, que te imagino agora. Só desejo, é muito sinceramente que sejas feliz... E que esqueças rapidamente estas pequenas infantilidades minhas.., todas elas... E não precisas dizer nada...

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