Tuesday, December 29, 2009

Hás de vir a saber

Amo-te...
Por muito que te custe ouvi-lo, acreditá-lo ou sequer aceitá-lo... Não me interessa que não te interesse, não quero saber se me odeias muito ou não, ou sequer se te sou perfeitamente indiferente... Pelo menos para mim será um alívio dizê-lo. Amo-te, e a minha maior satisfação já não é sequer saber se também me amas ou não, ou se algum dia me chegase a amar sequer... É sim, apenas e só saber que o sabes... que eu to disse um dia. Podes até nem saber o meu nome, nem relembrar a minha face, ou ter sequer presente o tom da minha voz... Pode ser até a única notícia que saibas de mim, pode até ser que nunca mais me vejas ou te lembres que existo...
Não quero saber (sim, chama-me egoísta à vontade) se isto vai causar abalos aí no teu pequenino mundo (elitista e muralhado), onde tens tudo organizadinho e seccionado em gavetas bem arrumadinhas... Onde tens todos os nomes medidos, classificados e agrupadinhos por ordem... Não me interessa se não caibo, não me interessa que não haja tempo nem espaço... Estou-me a foder... A minha vontade era que entrasse por aí adentro como um furacão Ivan... Podias até trancar todas as portas e janelas, tomar todas as precauções de segurança... e não sofrer nada com isso. Podia até nem te afectar minimamente, e nem dares por ele... Mas pelo menos sabes que ele passou por aí e isso não podes negar. Amo-te. Posso ser um merdas, um egoísta como me chamas, e um filho da puta que não vale nada e não tem onde cair morto... um drogado vadio de merda, orgulhoso, sujo roto e mal encarado... sem tostão nem razão nem consideração de ninguém... Que te traíu, se redimiu, e se saíu... Será que te traí? Será mesmo que alguma vez te menti? Será mesmo que alguma vez fui cruel para ti, de forma premeditada? Será que tive a culpa de me deixar levar em esquemas bem engendrados, executados, sistematizados... Alguma vez procurei alguém??? Será que te cheguei mesmo a traír? Magoar talvez, mas nunca te traí nem te menti, nem te pedi, nem engendrei, nem te pedi coisa nenhuma.. Apenas te perdi... Fosse por ti, fosse por mim, fosse por me ter deixado levar... pelo ar, que soprava mesmo direito à cara... Mesmo assim, alguma vez me esqueci de ti? Alguma vez te troquei, te resisti... nunca pus à frente de ti... Cheguei lá sempre para o lado. Nunca dei um passo em falso. Nunca. Nunca fiz nada que me comprometesse, que não me deixasse voltar atrás. Nunca pisei a linha. Nunca. Mesmo quando desapareceste meses e meses, e me deixaste lá sozinho, para arranjar dinheiro para comprares um carro, um avião ou não sei o qê... Esperei... Meses e meses. Podes-me acusar de ser orgulhoso, calculista, racional, temperamental, infantil, por vezes mesmo escabroso e amistoso em demasia, é certo. Posso-te ter feito sofrer, por vezes, posso até ter-me deixado levar nas brincadeiras, ciumeiras na altura que mais te estavas a cagar. Mas lá tinhas sempre a merda do cursozinhos, dos cargos e dos arranjinhos e das reuniões e do caralho do protocolo para te ocupar... E do trabalho. Foda-se lá mais ao teu trabalho.. Nunca te preocupaste um cú... Mesmo quando me tentava aproximar... Davas-me para trás e chamavas-me bruto.. Posso-te dar boleia? NÃO!!! Vai de retro satanás!!! Se não fosse por intermédio, nunca tinha sequer provado aquele leite quente que me preparaste lá naquela manhã. Naquela manhã em que mesmo quando andava mais confuso e tapadinho, e encostado ao cantinho, fui capaz de esquecer que eras a única pessoa realmente consciente, a única que me fascinava realmente a mente... Mas não... Livros e tachos, e ver uns borrachos e comer uns pistachos com o menino bonito aos almoços e lanches e pistachos e tachos e saídas e cinemas e copos e viajens, e festas e o caralho.. Fodasse comam-se de uma vez por todas, vão à merda e à lua, e à casa tua a ver se eu me importo. Estou-me a cagar!!! Preocupava-me demais. Sei bem que tens os teus planos calculadinhos ao pormenor do segundo para os próximos 100 anos... E deixa lá que também nunca pensei outra coisa, nem nunca esperei revoluções de uma tecnocrata... Ah e chamaste-me interesseiro, lembras-te? Interesseiro mas é o caralho... Só fiz aquela merda para me meter tipo cordeiro, naquele rebanho de merda. Nunca trabalhei um caralho, nunca fiz um cú... Mas sempre em cima do joelho, se aparecesse um ortelho era capaz de o curar.. sempre com boa disposição a rir e a saltar... eras tu naquela altura, em que eu deixei de acreditar.., que tinhas de me salvar... em vez de me colar um emblema na testa pateta contente que vamos aqui tendo entre a gente... Não era com folhas, nem com serviços nem com rabiscos nem com sorrisos... Era com palavras, com beijos, com paleios brejeiros de quem sente saudade, não vás embora que és a minha vontade... Se calhar nunca fui, nunca sequer fui hipótese, e tudo não chegou a passar de um mal percebido, que eu por ser um vendido, e um bandido, e pirata informático com um midle-name fudido, provoquei. Caguei. Agora pelo menos hás-de saber que te amei. Mesmo que não te convenha. Como te vou dizer é que ainda não sei...

1 Comments:

Blogger hc said...

Gostei tanto!
Senti mesmo cada palavra.. Parabéns *

10:48 AM  

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