Tuesday, December 29, 2009

Coisas de Putos

Lembro-me de quando era pequeno, ter sido internado de urgência no hospital... Estava doente, muito doente nessa altura... Recordo-me que apesar de nessa altura já ter nas veias um espírito independente. Mas estar tantos dias longe da minha família, e em especial da minha mãe, da minha família, dos meus amigos, fazia-me ficar muito triste e ainda mais doente... Estar fechado dentro de um hospital nos arredores de Lisboa, dava cabo de mim.. Lembro-me então de uma menina que conheci lá... Ela estava num quarto perto do meu, e a pouco e pouco fomo-nos conhecendo. Chamava-se Sílvia. Não nego que a pouco e pouco, à medida que me nos íamos aproximando cada vez mais, comecei a sentir alguma coisa por ela. Contudo havia sempre algo que me perturbava e que me causava uma enorme confusão. Apesar de passarmos tanto tempo juntos, não me conseguia esquecer da minha grande paixão da altura, que tinha deixado lá na escola. Chamava-se Mónica. Nessa altura andava eu no ciclo preparatório, aí no quinto ou sexto ano. Era no sexto. Já tinha passado claramente naquelas semanas mais tempo com Sílvia do que com Mónica, que já conhecia há mais de um ano. Contudo, e apesar das circunstâncias até o terem tornado possível, nunca consegui ultrapassar uma certa fronteira com Sílvia. Lembro-me de uma noite que ficámos acordados a falar até ás tantas... Nessa noite, ela aproximou-se de tal maneira, que me lembro chegar a apetecer beija-la. Bastava fechar os olhos, e deixar acontecer. Mas não. Havia algo na minha cabeça que não deixava isso acontecer, por muita empatia que tivesse com ela. Era Mónica. Era o meu amor platónico por Mónica, aquele amor idealista de paixão à primeira vista, que nos deixa a sonhar com histórias perfeitas... E mesmo longe, mesmo, sabendo que nunca chegaria a ter com Mónica a proximidade que tinha ali naquele momento com Sílvia, que apesar de tudo também já tinha conquistado um cantinho no meu coração, nunca me imaginei a fazer nada com ela, que pudesse por em causa aquela perfeição idealista que eu sonhava ter com Mónica um dia... Depois de ter alta, não quis ficar com uma foto que me ofereceu nem com a sua morada. Apesar dela ser também uma pessoa muito especial, não queria que ela pensasse que entre nós iria haver mais qualquer coisa do que aquela amizade e cumplicidade do momento.. Gostei dela, sim não o nego. Mas era tão diferente da paixão que sentia por Mónica... Era um sentimento construído com o tempo, enquanto que o que sentia por Mónica era algo arrebatador a gigantesco, que sentia desde o primeiro dia em que os meus olhos a tinham encontrado... DE resto não foram muitas as pessoas por quem senti isso até hoje.. Não me lembro de me ter sentido assim quando vi Sílvia da primeira vez, nem da segunda, nem da terceira... Era algo diferente e surgira com o tempo.. Já o que sentia por Mónica permanece inalterado mesmo até hoje quando a recordo, ao fim destes anos todo. Apesar de ter sonhado então com uma relação perfeita, nunca pensei que realmente chegasse a acontecer... Os nossos caminhos separaram-se naturalmente, e nunca mais ouvi falar dela. Já não a vejo desde essa altura. Nem sequer sei se foi recíproco... Mas agora também já não faz nenhum sentido. Só desejo que onde esteja, seja feliz, e que sinta hoje por alguém aquilo que eu um dia senti por ela... Eu por minha vez não me arrependo de nada. Certo é que fiquei sozinho, mas creio ter feito a escolha acertada na altura, e apesar da tentação, permanecer fiel aquilo em que acreditava... Coisas de putos... que depois destes anos todos ainda parecem mais ridículas...

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