Friday, December 09, 2005

Devia andar com o cio, a puta...

Isto anda a começar a correr mal. Estar fechado em casa não me anda a fazer nada bem. Ainda por cima, amanhã não há aulas. Ontem fodi um joelho a jogar futebol, e ouvi notícias daquela cabra. Hoje é a puta da minha ex que se lembra de me ligar às três da manhã, quando eu já tinha dado graças por ela nunca mais me ter voltado a incomodar. Deve andar com o cio, a puta. Não atendi como é óbvio. Já não falo com ela desde que lhe virei costas, pela última vez. Foi há cerca de ano e meio, semanas depois de ter ido parar ás urgências do Hospital, por causa dela. Levei uma sutura de três pontos ligeiramente acima da pestana, e não fiquei desfigurado, por uma sorte dos diabos. Quando nos apercebemos subitamente de alguém a vir em direcção a nós para nos tentar espetar uma chave dentro do olho, fazemos um sério balanço á nossa vida. O ódio que senti nessa altura por ela, e também por mim próprio, foi tanto que não há palavras que consigam descrever. Nem sequer chegar lá perto.

Lembro-me como se fosse hoje. Depois de estar quase um mês em casa, desesperado, a pensar que a minha face nunca iria voltar a ser a mesma, o hematoma e as cicatrizes lá desapareceram por completo. No final fiquei apenas com uma ligeira cicatriz dos pontos, que mal se nota. Suficiente para quando me olho de muito perto ao espelho desejar vingança. Mas já desejei mais. O que mais desejo agora é não pensar mais nisso. Consegui recuperar a minha alegria de viver. Se continuar com a merda dos toques, juro que meto uma queixa crime na polícia, ou ameaço-a de morte. Não sei, muito sinceramente o que vai naquela cabeça de vento. Já devia estar farta de saber que comigo nunca voltará a ter a mínima chance.
Não sei porque razão não me deixa em paz de uma vez por todas. Está a chegar a primavera, e deve andar com o cio, a puta. Se me volta a chatear, não sei o que faço...

Chamava-se Vânia. Por várias vezes, me disse que conseguia sempre ter o que queria. Eu, pelo contrário sempre lhe disse que não era bem assim. Não passava no fundo, de uma menina mimada. Dizia que eu era o homem da vida dela, e que fizesse o que fizesse, haveria de acabar com ela. Sempre lhe disse que não acreditava nisso. Nem que fosse a última mulher deste mundo. Preferiria mil vezes dar um tiro na cabeça, a ter de ver novamente aquela puta, se não tivesse outra hipótese. Mas tenho. Uma vida pela frente, cheia de potenciais hipóteses. Ela é que já deixou de ser hipótese há já muitos anos. Nunca lho escondi, mesmo das últimas vezes que tive com ela. Se nunca o aceitou foi porque não quis. Hoje tenho a certeza que não a amo. Acho que nessa altura já tinha. Mas não sei porquê, mesmo depois de ter acabado definitivamente, há cerca de cinco anos, acabávamos-nos por nos voltar a encontrar quase sempre por alturas da primavera, ou do verão. Começava tudo com simples toques de telemóveis. Daí a combinar o reencontro era um passo. Até sei porquê. Pelo sexo. Pelo vício. Pelo simples prazer carnal. Não havia dia sem briga, e não havia semana sem rompimento e reconciliação. Só nos dávamos bem na cama. E que bem! De todas as vezes que mandávamos uma, tínhamos a sensação que seria a última. Fodíamos loucamente sempre como se fosse a nossa derradeira vez juntos. Como tal, queríamos que fosse perfeita, e que não acabasse nunca. Sabia-me particularmente bem foder com ela! E nunca foi o meu tipo de mulher. Nem física, nem psicologicamente. Mas não sei porquê agradava-me e fazia-me sentir muito bem Especialmente na cama, marcava pontos e arrasava a concorrência. Teve um bom professor, eu. No fim da sessão, deixavamo-nos adormecer já sem forças nos braços um do outro, e acordávamos na manhã seguinte. Mas todos os dias pensava em sair dali. E nunca lho escondi. Talvez por isso fosse tão incendiado, tão forte, tão intenso. Contudo ficava sempre com a consciência de que tudo aquilo era um erro, e que nunca daria em nada. Andava-me a enganar a mim próprio. A Vânia não acreditava. Não queria acreditar. Era demasiado egocêntrica para aceitar isso. No dia seguinte eu planeava partir, mas acabava por ficar. Era só mais uma, pensava eu. Da última vez, passou-se isto diariamente, durante meses...


Depois de estar recuperado, e de me conseguir voltar a olhar ao espelho, fiz as malas, e arranquei. Aquele mês tinha sido um dos piores, senão o pior da minha vida. Estávamos em meados de Novembro, e por esta altura, em circunstâncias normais já estaria em ****** há mais de um mês. Arranquei feito doido em direcção a Lisboa para ir buscar o resto das minhas coisa. Vivia com ela há quase seis meses, mas sempre com a certeza de nunca voltaríamos a assumir uma relação normal. Subi com as minhas chaves e entrei abruptamente pela casa dentro. Ela já sabia o que eu vinha fazer. Assim que entrei, fixámos olhares e não trocámos uma palavra. Eu ainda tinha vestígios de sangue no interior do meu olho direito. Sabia que a odiava mais do que nunca. Avancei em direcção ao quarto. Peguei nas minhas malas previamente arrumadas por ela, espreitei uma última vez para a magnífica vista para o Marquês de Pombal, do apartamento que eu lhe tinha encontrado, virei as costas e parti. Para sempre...

E até hoje não voltei a olhar para aquela cara, ou a ouvir aquela voz...

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