Friday, December 09, 2005

Semana de Loucos (Sábado, 13 de Março de 2004)

Voltemos ao último fim-de-semana.
Sábado. Tinha prometido a mim mesmo voltar a sair.
Estar com o kulkov é sinónimo de ganza. Enrolou e ofereceu. Fingi que fumei no primeiro, mas não resisti aos seguintes. Fiquei lixado a princípio, mas depois soube bem subir ás nuvens e fumámos mais uns quantos. Pôs-se a conversa em dia. Festa de anos, bebeu-se um trago de rum e seguiu-se para o Antropical. Moscatel, erasmus suecas muito boas, alta da cidade, festa em casa de loucos... Mais charros, sangria.. Acabou a sangria, bebeu-se vinho... Trouxe o copo, atestado inúmeras vezes, depois patelas, finos... Nesta altura o cérebro já carburava a 200% e as coisas na realidade paralela adquiriam outro sabor, antigo, familiar... Lembram-se daquele video-clip, smack my bich up? Bem, não tinha nada a ver, mas a neblina estava lá.

Voltemos atrás dois dias. Quinta 5 de março. Tinha-lhe mandado um toque, à noite e ela respondeu prontamente. Já não dava um sinal de vida há séculos. Não o fiz por desespero ou necessidade, mas por simples curiosidade. Não consegui evitar um pequeno sorrisinho e uma energia engraçada. A menina Cátia Snob continua a ser a que mexe mais comigo por dentro. Pensei enviar outro daí a uma semana. Pensei também como seria se não... Pensei que seria demasiado tarde. Pensei que seria bom. Pensei que seria perfeito nos primeiros dias, ou melhor, nas primeiras noites, e depois um autêntico pesadelo... Não pensei mais. Mas senti-me muito bem. Como se terá sentido ela?

Domingo. Acordei todo ressacado, bebi um litro de água e fui dormir novamente. Levantei-me já de noite. Fiquei fudido, fumaram-se mais umas, e fiquei fudido novamente. Senti-me deprimido. A ganza é a grande causa dos meus males. A ganza faz-me pensar nela. A ganza faz-me falar dela. Sem ganza ela desaparece do pensamento, das conversas mais pessoais. Condicionamento clássico?

Segunda. Comprimido para dormir. Aulas. Sinto-me bem nas aulas. Sinto-me limpo. Sinto-me eu, sem distorções, novamente. Sinto-me bem entre... Sinto-me atento. Sinto que quero mostrar a mim próprio que ainda sou capaz. Sinto que não ando a fazer muito por isso. Sinto que se não tiver, vou ficar lixado. Sinto que tenho de fazer mais por isso. Sinto que sem droga conseguiria. À noite passei lá. Revi a outra prima malvada. Não falámos. Ficou emocionada. Eu também. Mas foi estranho. Começo-me a sentir mal, ali. Antes sentia-me tão bem. Sentia-me em casa. Sinto-me um out-sider. Já não suporto o cheiro a pseudo-elitismo ignorante e presunçoso, de duas novas ovelhas que lá entraram e a que eu tão bem tinha tomado o pulso, antes mesmo de o serem. Peitos ( e barriga) inchados, pensamento main-stream... A ambição desmedida confirma-se. Não os posso culpar no entanto por isso. Espero apenas que não fodam aquela merda toda, com a sua presunção, e o seu autoritarismo. Eles de resto, já devem saber. Estou noutra. Wise decision, diga-se desde já. Não me sinto inferior a qualquer um deles, e consigo reconhecê-los à distância. Espero que os que lá ficaram também consigam.

E eis que os deuses ficaram mesmo loucos! Terça-feira. Acaba o jogo do Porto, que também festejei apesar do sentimento ambíguo. Pego no telemóvel. Chamada não atendida da menina Cátia Snob. Apenas 3 dias depois de eu lhe ter mandado um a que ela tinha respondido, manda outro por sua livre e espontânea iniciativa. Não conseguiu evitá-lo... Um duro golpe no seu inabalável orgulho que nunca julguei capaz de a ver desferir. Deve-se ter arrependido decerto. Um impulso irreflectido da menina que vive dos homens ajoelhados a seus pés, quando sonham todos com muito mais do que isso... Deve ter montes deles. Mas eu não me ajoelharei nunca. Prefiriria mil vezes correr. Não acho muita piada rastejar a seus pés. Por muito que gostasse, dela... É o orgulho o seu maior inimigo. E o meu, qual será? Medo? De quê? Imagino a cara dela depois de o ter feito. Arrependimento de morte, cara corada, aperto no coração, desejando poder voltar atrás e remediar a situação. Há uns meses atrás era eu, no lugar dela. Mas será que foi mesmo assim? Ou foi naquela de fazer um pequeno esforço para manter o menos fiel e mais instável dos seus admiradores? Fosse como fosse, só consegui retribuir o toque 3 dias depois, quando voltou a ligar o telemóvel...

Terça, quarta e quinta. Aulas. A prima malvada da faculdade, a Magda, aborda-me. Mais de dois meses depois de nos termos falado pela última vez. Conversa banal. Sensação especial. No dia seguinte chegou atrasada e sentou-se a meu lado. Falámos, mas escolhi permanecer algo distante. Intervalo da aula. Saíu e sentou-se comigo. Disse-me que tinha feito uma coisa de pancada. Ri-me. Felizmente alguém conseguiu travar aquele ímpeto de afirmação adolescente e a coisa foi um pouco atenuada. Deve ter ficado interessante. A minha ex também tinha. Uma amiga minha recente, a Tânia, recentemente também o fez. Tenho pensado em voltar a vê-la. Falarei dela mais tarde. Estas gajas assustam-me. Porque me foi mostrá-la. Uma vez também fiz algo parecido, para impressionar. Depois desisti da ideia. Também não deu em nada. Mas penso fazê-lo novamente. Mais tarde. Não será para tão breve. Não será tão irreflectido. Falámos mais um pouco. Perco-me na conversa e nos olhos dela. Ela diz que não concorda com o que lhe digo. Não conseguía, no entanto esconder um aparente sorriso de felicidade, naqueles curtos minutos que a mim pareceram durar uma eternidade. Eu também não. Acordei de repente. Fomos para dentro. A aula já tinha começado há mais de 5 minutos...

Sexta feira. Havia uma festa daquelas antigas. Era um regresso ao passado, e a um sítio que me trazia boas recordações. Eu pertencia aquilo, que porra! Sim, pertencia... Revivalismos do que poderia ter sido, mas não foi? Não obrigado. Seria demasiado mau. Não me vou expor assim desta forma, levantar poeira. Estou bem com a minha vida nova. Decidi não ir. Não me arrependo?

Sábado. Rejeitei um convite para um concerto de metal, para não me reencontrar com a droga. Estou a pensar ir a casa, coisa que não acontece desde Janeiro. Pensei aproveitar e rever a Tânia. Desejo-a novamente. Aquele fim de semana não me sai da cabeça. Ela é mesmo carinhosa e sentia-me muito bem com ela. E era espectacular na cama. Mas acho que não lhe faria bem. Não sei. Por outro lado também não me apetece assim tanto estar com alguém. Ou melhor, até apetece. Não interessa. Logo se vê. Sem droga, só penso em...

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