Friday, December 09, 2005

Férias

Uma semana de férias. Durante estes dias assisti prepotente ao decorrer do tempo, chegando apenas agora à penosa conclusão que não fiz nada, e a minha suposta transformação não passou senão de uma ligeira maquilhagem que desapareceu pouco depois. Não serviu para enganar a ninguém, senão a mim próprio. E hoje o dia é de balanço e meditação. Os velhos vícios continuam presentes, e bem fortes. Apenas adormecidos. Meio entorpecido ainda pelo efeito das últimas substâncias tranquilizantes (naturais), olho para estes últimos tempos em que a minha libido triunfou em pleno sobre o meu espírito. Estimulado mentalmente (pelas substâncias e pela memória fresca), e de barriga cheia no que toca a tudo, observo e constato agora friamente, qual pseudo-intelectual esquerdista, que as minhas reacções têm sido semelhantes às dos pragmáticos tecnocratas de direita que têm um monte de merda no lugar do cérebro. Que a minha conduta de desligar o raciocínio e me deixar conduzir pelo meu hedonismo desenfreado, deve provocar uma ideia tremendamente distorcida da minha pessoa. O mesmo que dizer que quando solto as hormonas deixo atrás de mim um enorme rasto de destruição, e sem dar conta de nada. Não posso contudo dizer que tenha oferecido muita resistência, e numa análise a quente não me posso queixar de todo. Aguardava até pacientemente esta aventura, como uma necessidade premente. Precisava dela como de pão para a boca. E de facto não me vou esquecer tão depressa daquele sábado à noite. O reencontro com a Tânia, dois meses depois, não podia ter corrido melhor. Wild Night. "Fodasse, isto é que é sexo!", soltava ela... Faz bem ás vezes uma sessão de sexo puro e duro para ressuscitar o ego. Noite caída, à beira mar... Rebentámos as ondas em simultâneos, ponto óptimo, assunto resolvido. Desinibida e sensual o suficiente para me impressionar. Pedi-lhe um abraço apenas. Mas a sensação daquele afecto foi mais forte do que nós. Senti-me renascido. Sim, naquele dia pelo menos...

Domingo á noite de volta a ****** para ir ao curso e depois ao medico. Já ando para ir a esta consulta há três anos. Bom, parece que ainda não vai ser desta. Faltei. Levantar ás 5 da tarde não me deixa lá muito satisfeito. O reencontro acabou por ser melhor do que o inicialmente previsto, e a ideia era ficar calminho, e de cabeça leve para me virar para o que realmente interessa e que está em stand-by há mais de um mês. Não, não é nenhuma prima. São os livros e estão com saudades minhas. Quem também estava era a Raquel que me mandou uma mensagem na segunda à noite a dizer que estava sozinha em casa e para passar por lá. Assim fiz, e de lá saí no dia seguinte ás 20 horas da noite e sem nada no estômago. Soube-me bem. Especialmente a parte em que voltei a dormir acompanhado. Aquela mulher desperta em mim os instintos mais carnais. Há uma energia dentro dela que não é muito usual. Conseguiu-me manter na horizontal durante mais horas do que o recomendável. Tive de sair de lá que já estava a ficar preocupado, com as dores. Sedutora, corpinho ideal, faz umas massagens divinais. As coisas foram mais espontâneas e rápidas do que o normal. Foi muito bom, mas quando a esmola é grande... Numa parede do seu quarto tinha pendurada uma coleira na parede que serviria para me atar. Não gosto de coleiras, nem gosto assim tanto dela a bem dizer... embora goste muito de quartos e de convívio. Foi no mínimo, prematuro. Pertencera ao seu ex-namorado, com quem tinha dormido pela ultima vez há umas três semanas, segundo disse. Ele no entanto tinha namorada há uns meses. Escutei os trágicos acontecimentos do romance de faca e alguidar, mas não comentei. Seria meio caminho andado para perder a razão, e ir alegremente, qual teenager deslumbrado com a descoberta do prazer, aceitar a enfiar a cabeça na coleira. Fiquei sem perceber também muito bem o meu papel no meio de tudo aquilo. Acho que ela ainda o ama. Não me senti mal por isso. O telemóvel dela não parava. Nem nos meus dias mais frenéticos, consigo competir com ela...

Quarta-feira. Cruzo-me a Cátia Snob num estabelecimento comercial por acaso. Nem parecia que tínhamos saído juntos, há uma semana. Olá tudo bem? Xau, adeus. Cada vez percebo menos...
Sexta-feira. Cátia Snob decide mandar msg a convidar para café, depois de na última semana me ter calhado a mim, a iniciativa humilhante do convite formal que nunca ninguém parece querer tomar, mas a que se tem recorrido constantemente nos últimos tempos dada a falta de circunstâncias naturais para a necessidade de se encontrarmos, sem nunca no entanto se passar nada senão conversa mole alimentada a ganza, que parece cada vez mais ganhar contornos de ritual masoquista (dada a crescente e cada vez mais desesperada necessidade que sinto de beija-la loucamente ). Uma vez cada um. Estabeleceu ela na despedida com a célebre frase "para a próxima é a tua vez de dizer qualquer coisa". E não é que já é a minha vez novamente? Fodasse, que merda. E agora depois das férias como vai ser? Vou desistir deste pântano platónico que me continua a assassinar neurónios para voltar a pensar nalguma outra prima que me consiga manter sóbrio, e a levar uma vida "normal"? Será que conseguiria sentir o mesmo fascínio por Cátia sem droga? Será que se estiver com ela sem dopping, todos estes pensamentos desaparecem e ela passa a representar apenas uma gaja normal? Será que o meu desejo por Magda era apenas e só um vontade subconsciente de assentar e acalmar, ou será que sinto mesmo algo forte por ela? Ou será que surgirá outra? Ou alguma antiga, mas mal resolvida? Ou será que vou tentar esquecer tudo isto novamente, e voltar a viver o presente, aceitando uma cama quente, segura mas com coleira?

Seja como for, quando estou com cada uma delas parece que tudo o resto desaparece. Cada momento, é um reencontro só, apenas. Cada uma é completamente diferente de mim, e de todas as outras. De resto, os nossos encontros e desencontros não têm nada de comum. Cada uma tem os seu beleza própria, e de todas anseio o prazer do charme, sedução e convívio. Perco-me e deixo-me levitar em cada momento, como se fosse o último, e não houvesse amanhã. Não posso estar de consciência pesada, nem ter qualquer tipo de remorsos ou preocupações. Limito-me a tentar não pensar. No entanto há uma que não me deixa. A Cátia Snob tem um poder especial sobre mim. É o único elemento sempre presente, conscientemente ou não, em todas as histórias. Pela simples razão de que foi aquele que durou mais tempo. Será? E porque foi com todo o mérito aquela que me consegui deixar mais confuso até hoje. Também, nunca estava"normal". Confesso que tenho medo que isto me rebente nas mãos. Se ela sonhasse sequer com estes últimos acontecimentos... Também se esperasse por ela, não teria nada para contar aqui. Como não há forma nem vontade de evitá-lo, escolhi não me preocupar muito com isso. Também não será por ficar parado que resolverei as coisas com ela... Deveria? Não sei. Talvez. Provavelmente. Mas parado ou não isto não dará em nada. E se não der, não será apenas essa a razão decerto. Mas mexe sempre... De outro modo por esta hora, não estaria a escrever isto. As insónias estão de volta. Que grande confusão. Se tivesse de escolher alguma, nem perderia um segundo para pensar. Ficaria sozinho, novamente.

Reencontros, sexo, reflexões, droga, insónias.
Fodasse, isto é que são férias?

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