Friday, October 28, 2005

Reflecting (25 de Fevereiro de 2004)

Não tenho tempo para grandes reflexões...
Ainda assim, voltei a falhar na promessa que fiz a mim próprio.
Uma delas era criar este blog, mas conseguir manter o anonimato.. Já falhei também, por isso aviso desde já que não me vou conter por isso. Quero que se foda. Usarei nomes fictícios e e escreverei o que me apetecer. Fantasia, alucinação ou realidade, não interessa... Não darei contas a ninguém sobre o que aqui for afixado. Por isso escusam de perguntar. A quem pode ver a morada exposta, durante a masturbação do meu ego, e que possa ter tido a infeliz ideia de anotar a morada, só restam duas opções. Apaga-lo ou não fazer qualquer comentário. Se fossem para comentar, teriam o seu espaço próprio. E digo isto porque foi mesmo comentado. Talvez a culpa tenha sido da minha língua comprida. E é que foi mesmo... Já sei também que me vou lixar por isso.

Por outro lado, dou comigo acordado às 8 da manhã novamente, ainda mais sem ter estudado rigorosamente nada. No fim de semana foi a desculpa do fantasporto. Se não fosse o Julio a insistir para ir, nem lá tinha posto um pé. Nem sequer tinha dinheiro. Ele emprestou-me e pagou-me os bilhetes. Ando muito mal de dinheiro e não sei quando lhe vou poder pagar. Que grande merda, o dinheiro! Detesto dinheiro... Foda-se! Mas ainda detesto mais a falta dele. Vimos três filmes. Adorei um Espanhol chamado "Palavras Encadenadas". Muito bem frequentada a noite, do Porto! E o Rivoli estava cheio de pessoas interessantes. Nada nem ninguém a destacar em particular. Excepto uma incompetência da minha parte. Há uma rapariga do Porto que conheci há uns meses, e tinha-lhe prometido combinar com ela qualquer coisa quando fosse ao Porto. Mas fui de improviso e não estava muito apresentável. Barba por fazer há 3 dias, e o cabelo sujo.. Deixei-me intimidar pelos grandes olhos azuis dela, que me lembrava das fotos e não lhe disse nada. Era gira, pareceu-me muito inteligente e tinha um estilo punk. Queria causar boa impressão, ou então mais valia estar quieto. Cortei-me. Mais tarde, quando cheguei a casa disse-lhe que tinha estado no fantas na sexta. Ela respondeu a dizer que também lá tinha estado...

Depois fomos para Aveiro onde fiquei em casa do Maradona porque não havia comboio para Coimbra. À noite fomos ver o Benfica ao café da Ria em Aveiro. O Benfica perdeu, mas o a minha auto-estima ganhou porque a empregada do bar, que tinha um piercieng no lábio, reparou em mim. Tinha o cabelo com madeixas de vermelho e parecia bem rebelde. Tentava ver o jogo, mas o meu olhar escapava-se constantemente para aquele corpinho que ia deslizando sensualmente pelo soalho. Ela era bem gira, e também a apanhei a olhar mais que uma vez. Foi-se colocar estrategicamente ao lado do ecrã a falar com alguém, numa conversa obviamente desinteressante para ela, a julgar pelo tipo de pessoas. Depois o jogo acabou e fomo-nos embora...
Passamos depois pelo Clandestino, ele levou-me á estação, e vim para *******. Tive de vir a pé da estação até casa com um frio de rachar e mal agasalhado... Tinha prometido que não voltaria a fuma-las, mas fumei no Porto, e no Domingo em Aveiro. Quando cheguei a casa, o Dani estava a fazer uma e ofereceu-me. Estava a dar um daqueles filmes estúpidos do Rambo. Estúpido era eu. Não quis fumar mais e vim para o quarto. Computador até às tantas... Como não tinha nada que fazer, fui tentar arranjar contactos nas minhas cidades favoritas. Quando acabar o curso quero abandonar esta merda deste país.. Já obtive resposta em Londres e Paris. Falta-me Amesterdão, Roma e Nova York.

Deitei-me novamente às tantas. No outro dia fui ver o mail. Responderam quatro ou cinco. À noite apanhei uma on-line e fui exercitar o meu Inglês. Pareceu-me simpática mas um pouco tecnocrata. Já tinha corrido todos os países que eu sonhava visitar, e este ano ia até ao Egipto. Pareceu-me que não tinha aprendido muito a viajar em primeira classe. Não me quis confessar, mas aposto que devia ter ido sempre com os pais. Não fumava nem bebia. No entanto foi agradável falar com ela, porque apesar de tudo era afável e tinha sentido de humor. Os pais dela eram Italianos, divorciados e ela queria ser consultora financeira. 21 anos e no fim do curso. Apesar se até ser gira, e bem sucedida, pareceu-me profundamente infeliz...

Bem isto eram para ser só 5 linhas... Não interessa. Na noite de Carnaval não saí. Havia um jantar de anos, muita confusão na rua, pouco dinheiro, e a sensação que ela andava por aí. Pode até ter ido ao jantar, a julgar por uma boca que ouvi. Mas como quem a mandou, as manda por tudo e por nada, não sei se não será paranóia da minha parte. Também não sei nem me interessa. Já lá vão 2 meses desde que a vi pela última vez. Espero que seja mesmo a última... Já a esqueci. Espero não ter nenhuma recaída. Alguém me disse que a tinha visto no sábado e que estava "mesmo boa", e muito ganzada. Ele disse-me também que sempre que a encontra anda assim. Se anda assim é porque gosta de andar, e anda bem. Problema dela.. Preferia era não saber de nada... por tudo isto, de noite não saí de casa. Fui para a net para matar o tempo, e depois de falar com a inglesa conheci uma gaja de Coimbra que me mostrou o blog dela. Pensei fazer um para mim... E fiz. Deitei-me ás tantas. Hoje fiz outro e completei este. Mas passaram as férias, endividei-me, fumei charros, não estudei nada, não saí no Carnaval, e tenho os sonos todos trocados. Fodasse!!! Estou deserto que comecem as aulas...

Jantar de Curso

Fim da aula. Notava-se um pequeno burburinho e uma ligeira agitação nas meninas. Normal. Primavera. Não só... Pus-me á coca (literalmente), e consegui ouvir perceber qualquer coisa. Já nem me lembrava que havia jantar de curso.

Tinha-me inscrito e pago jantar, logo no início do ano lectivo. Pensei que era uma boa ideia para conviver e conhecer pessoas. Mas antes de ir fumei um charro e a febre passou-me. Nessa altura tinha relações cordiais com a menina Magda, que me havia dito que não ia. Sem interesse, a ideia esmoreceu. Lá acabei por ir a muito custo. Principalmente por causa da organização. A comissão de curso é uma comédia. Nem sei como se têm aguentado estes últimos três anos. Até sei. Porque não há, nem nunca houve oposição. Ninguém deve ter ficado também com vontade depois daquele triste exemplo. No fundo são apenas um bando de crianças a tentar brincar aos políticos. Apesar disso, mesmo assim fazem-no mal e são
incompetentes. Dá-me prazer argumentar com eles. Típicos cromos, de desmedidas ambições políticas e que se auto elegeram, porque não havia mais candidatos nem sequer votantes. Sempre à cáta da oportunidade para interromper uma aula, para elevar a voz e falar á multidão anunciando que não há aulas nos feriados, ou para anunciar os seus jantarzinhos de curso. Para sentirem o poder. Odeio políticos, como um ateu odeia um padre. Eles querem ser os palhaços, no meio daquele circo. Ainda assim representam sem classe. Mal e porcamente. Até há uns cómicos, uns discretos, mas a maioria cai no ridículo. Estereótipos puros tirados de uma qualquer comédia satírica ao estado degradante do associativismo estudantil actual. Acham que aquilo lhes dará uma certa importância e estatuto social. Há lá um que me mete particular nojo. É o menino Mariano. O que tenta tomar a liderança, mas que se engasga sempre que tem de falar ou tomar uma decisão. Quando abre a boca também não abona muito em seu favor, diga-se. Típico azeiteiro. Camisolinha pull and shark da feira lá da zona, com calcinhas de ganga bem engomadinhas e justinhas a arrepanhar os colhões, de pose emproada, e corte á militar lambuzado de gel. Este parolo, faz um especial esforço para manter uma pose um tanto ou quanto esquisita, já que caminha recto como se tivesse levado com uma estaca pelo cu acima ao mesmo tempo que tenta sempre manter as pernas o mais abertas possível, o que lhe dá um aspecto de gorila deficiente enquanto se move. Sustem a respiração nos pulmões, para andar constantemente emproado com o peito cheio de ar. Penso que faz isto para atraír as miúdas, mas até agora não está a ter muito sucesso. Bem se esforça, quando lhes decide levar as novas "boas novas" que já toda a gente sabe pelos corredores. Ou seja, quando será o próximo jantar de curso. Manifestações, magnas e protestos, nem eles próprios põem lá um pé. Há um que vai a representá-los, mas isso é porque está numa lista concorrente à Associação. O seu primitivismo acaba por ser demais evidente, e consegue relembrar isso constantemente. Alguns, apesar disso, respeitam-no apesar das suas constantes e notórias tentativas de afirmação pessoal. Acreditam mesmo naquela enorme encenação, e vão-lhe beijando o cú, na esperança de retirar daí dividendos para o futuro. Não vá com o tempo abrir mais uma vaga para palhaço, para poderem passear pelo palco também. Curiosamente são os mesmos que dão a cara para aparecer nos folhetos das listas todas que aparecerem. "Deve ser giro ser popular". Desde já lhes gabo a paciência, pois acho que nem por dinheiro, abdicaria da minha privacidade para me expor a tal caricatura. Ainda mais nos termos em que eles o fazem. Uma comissão pretende-se discreta, e eficaz. Aqueles cromos conseguem interromper aulas para as transformar numa feira, e prolongar por horas questões que se resolveriam em cinco minutos.

O meu entusiasmo não era muito. Além do mais estava muito constipado e a tomar medicamentos. Não poderia beber. Já para não falar do facto de não conhecer muito bem aquela gente. Estava decidido a não ir. Acendi um charuto, para no caso de mudar de ideias, e não me aborrecer tanto. Houvesse jantar em casa e não teria pensado duas vezes. Reconsiderei e pensei lá dar um salto, comer, e vir embora. Cheguei. Grande confusão. Tanta gente! Não sabia bem onde me sentar. Esperei que todos ocupassem os lugares, e fiquei numa mesa à parte, juntamente com um grupo de mulheres que tinham chegado também atrasadas. Ao meu lado estava a gótica da turma. Do outro, um tipo qualquer que ía metendo conversa. A conversa com a gótica parecia-me bem mais interessante, embora igualmente banal. Uns copos de vinho verde, e a conversa fluía. Todas as gajas se tinham preparado a rigor para aquilo. Todas tinham posto a roupinha nova favorita. Quase todas se tinham maquilhado até borrar a cara por completo. Algumas traziam brutais mini-saias que deixavam ver tudo. Todas se pavoneavam como desfilando numa passerelle. Já tinha assistido aquele filme. Por esta altura, dissimulado no meu cantinho a observar discretamente, pensava onde iriam parar estas doidas, libertas pelo álcool, e guiadas pelo vício carnal que emana do interior animalesco. Particularmente, nesta altura do ano... Algumas cantavam as típicas musiquinhas de bebedeira de jantar de curso. Outras berravam chamando pelo nome de alguém. Outras ainda corriam as mesas todas em frenéticos protocolos sociais para manter o estatuto de popularidade. Outras ansiavam pela hora de saírem dali e irem disparadas para a discoteca exibir os seus corpinhos ao ritmo da musica, esperando seduzir o amor da vida delas, que surgiria por milagre, qual príncipe encantado que emerge miraculosamente do arraial popular. Outras ainda olhavam repetidamente para o relógio, com cara de quem já está farto de ali estar, e quer ir para casa. Eu ia registando. Ia conversando com as meninas, e enchendo os seus copos...

A gótica parecia ouvir-me com particular atenção. Parece simpática, mas não sei porquê há nela uma espécie de inocência infantil. Não deve ser gótica, mas veste-se sempre, mas rigorosamenete sempre de preto. Até é gira, embora seja um pouco baixa. Contudo tem um corpinho divinal e parece ser inteligente, e também muito sagaz. Conversa puxa conversa, e a bebida já mexia comigo. Parecia naquela altura, apesar dos meus planos iniciais de voltar logo para casa, determinado a acompanha-la o resto da noite. Ela por sua vez, parecia também muito simpática. Estava com pena dela. Teve o azar de apanhar um convencional do outro lado, que a saturou de banalidades durante quase toda a noite. Ela estava visivelmente entediada. Por fim, solto pelo alcool, lá me passou mais a moca, e lá a fui animando, lançando conversa na mesa. Acabei por saber o nome de todas elas, mas já não me lembro de nenhum. Excepto do dela, porque fez questão de repetir. O homem ia trazendo mais vinho, e eu adivinhava já uma longa noite. Mais álcool. Mais conversa. Já estava um pouco possuído, à minha maneira. Sabia que a partir daquele ponto, já não ía conseguir parar, era caminho sem regresso. Nisto sem querer, enquanto ia gesticulando, tal era a carga etílica por aquela hora, verto o meu copo por cima da mesa. Como me conheço bastante bem, e sabia perfeitamente como ía terminar aquela noite, aproveitei a deixa para dizer que me ía limpar á casa de banho, e bazei dali para fora.